O mar de sentimentos se agita
Aturdidas ondas se levantam
Se despedaçando nas pedras
Mas a dor já não grita
Os prazeres ainda a encantam
Nessa resistência de atleta
Para essa alma dantes tão sofrida
Há uma serena paz que a envolve
Não lhe permitindo mais sofrer
Nesse jogo um sentimento nobre
A faz despertar levando-a a correr
Para longe dos seus algozes
O mar se acalma,
As ondas deslizam mansamente
Não há mais turbilhão em sua alma
A saudade repousa novamente
Divinamente seu sorriso renasce
Demonstrando em seu olhar
Os mistérios ocultos
Seu salvo conduto
Nesse novo caminhar
É tarde!
É engano!
Ainda é tempo
De olhar o mundo
Um mundo profano
De prazeres insano
É cedo!
Nem tanto!
Possa eu mergulhar
Nesse imenso oceano
De ardentes arcanos
Ah! se pudesses ver
Bem mais que sentir
O que guardo no peito
Que explode em fagulhas
Na tua ausência do meu leito
É tempo! É chegada a hora
De fechar os olhos e ouvir
Dos corpos o sensual roçar
Dos lábios o tinir
Que sôfrego foge do relento
Que paira no obscuro canto
Do nosso quarto
A languidez me afaga
Nessa luz já quase baça
E as gotas que se espalham
E que não são de prantos
É a transpiração num aguardo
Que de início calma
Explode em mil cores
Desabrochando em fulgores
Ressoando na alma
Creptando em sabores
E suavemente ela retorna a calma
Aguardando lascivamente
O sugar do pólen Como o faz as abelhas
Nas flores
Não é tarde...
Não é cedo...
É chegado o tempo
De ouvir sussurros roucos
De desejos saciados
Nesse mundo louco
De sentimentos confusos
De corpos suados
E de amor profundo.
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