quinta-feira, 29 de novembro de 2012

VIVER



Eu até hoje não consegui entender por que as pessoas sempre acham que estar vivo é ver o alvorecer... É quando se abre os braços para receber cada novo amanhecer. Pra mim, viver é bem mais que isto, é poder olhar para dentro d mim e descobrir que vale a pena o surgir de cada novo dia, é o não se conformar em apenas ver a vida passando. É poder aceitar as pequeninas coisas que te dão alegria sem culpas. É poder respirar o ar sem o temor de se sufocar. É conseguir encarar as tantas violências e maldades sem ser tomado pelo ódio. é poder agradecer a Deus por cada minuto de vivência e não apenas de existência.

É poder compartilhar as alegrias que nos chegam sem receios ou preconceitos... É poder enxergar o tudo mesmo observando o nada, é se contentar com o que não veio e continuar na esperança do que ficou.
Então, viver pra mim é mais que apenas existir... é sorrir sem medo de chorar, é o existir na certeza do estar vivendo. É aceitar e ser aceito, é respeitar e ser respeitado, é amar e ser amado. É sentir-se livre para aprender com os próprios erros, tropeçar sem medo de cair, é cair e ter forças para levantar, é sentir-se sem grilhões de qualquer espécie e acima de tudo, nunca deixar de sonhar. Pra mim, viver é tudo isso e um pouco mais...

Fingir cansa e eu quero e preciso descansar... De que adianta sorrir apenas com os lábios quando temos a alma em constante angústia? consolo? alegrias puras, genuínas? já as esqueci, nem sei se ainda existem. O melhor de mim a vida levou, o que restou? nem eu mesma sei... E como dizem que a vida é como uma vela acesa que tremula constantemente e que pode apagar a um vento mais forte, eu penso: já passei tantos vendavais, tantos ventos contrários, mas até hoje a vela da minha vida permanece acesa mesmo que bruxuleante e isto é algo que nunca consegui entender.

Então se viver é realmente tudo isso, então eu não vivo, apenas existo e isso está me cansando... eu quero e preciso descansar e quem sabe eu possa dizer, eu vivo... mesmo que dentro de um resumido espaço, talvez sem brilho nem cor, mas silencioso o bastante para entender o que me vai na alma.









OS MUITOS SONHOS


De todas as dores que na vida eu já  senti
Ainda não encontrei nenhuma que se compare
Àquela que foi a maior, a do dia em que te perdi
Essa dor no meu coração, ficou gravado como entalhe

Perdi meu sorriso aberto e quase sempre inocente
Que em tantas ocasiões, da vida se divertiu
E o destino decidiu ser para comigo inclemente
E diante de tudo isso a minha alegria sucumbiu

Muitos verões se passaram e eu nem percebi
Muitos sorrisos espocaram apenas de fingimento
E as muitas lágrimas derramadas que eu nem senti
Foram molhando a minha alma em cada sofrimento

Nunca consegui esquecer o que veio e não ficou
O que ficou sem eu ao menos desejar
Muito cedo perdi da vida o brilho e a cor
Restando apenas os muitos sonhos pra eu sonhar





quarta-feira, 14 de novembro de 2012

LEVAREI COMIGO



Hoje acordei assim... Uma estranha sensação me invadindo
Na verdade nem sei a que mesmo me proponho...
Mas, já fazem dias que eu sem querer venho descobrindo
Todas as migalhas que povoaram os meus sonhos...

Talvez nem eram marcantes, já que não foram tantas assim...
Só sei que foram elas que desencantaram meus sonhos
Pois migalhas, são as sobras daquilo que já nem se quer, é o fim
Embora seja apena o começo desses versos que componho

São versos tristes mas verdadeiros também
São as lágrimas que a minha alma insiste em transbordar
Foram passadas que o destino não me permitiu ir mais além
Talvez até pensem que meu coração só sabe se queixar

Mas é que todas as vezes em que pensei ser feliz
Levei da vida inúmeras e grandes rasteiras
Não estou me queixando embora é o que a vida me diz
Eu apenas queria ser feliz de forma plena... Inteira

Um dia... E bem sei que isto não vai demorar
Terei finalmente o meu esperado consolo
Não importa o que isso venha a me acarretar
Mesmo sabendo que terei sido vítima de dolo

Pois o destino estará sempre a minha espreita
E não deixará de me fazer mais uma crueldade
Perambularei  por ruas largas e também estreitas
Mas levarei comigo as minhas imensuráveis verdades

terça-feira, 13 de novembro de 2012

AS ESTAÇÕES DA MINHA VIDA


No dia em que eu nasci
Nada quiseram me prometer
Nem festas nem mesmo alegrias
Mas sempre dispus de cada entardecer
E do surgir de cada novo dia...

Com o tempo eu fui crescendo
E também nenhuma promessa me foi feita
Mas cada coisinha que eu ia descobrindo
Me fazia ver que a vida não era perfeita
E muito cedo eu me vi fingindo...

A adolescência atrevida me chegou
E dela eu nada procurei saber
Mas também, nada pra mim importava
Mas foi a partir daí que tive que  entender
Que muitas coisas meu coração  machucava

A primavera na minha vida lentamente chegou
E o desabrochar da flor teve o seu início
Longe estava eu de sentir ou pensar
Que tudo poderia se tornar num precipício
Desses que derruba, mesmo quando se tenta esquivar

O verão da minha existência a flor murchou
Já não havia brilho nem beleza pra se ver
Já não existia mais viço, nem beleza nem cor
O outono em minha vida me fazia entender
Que me seria caro as promessas de um falso amor

Pois chegasses como grande engano e ilusão
E foi ai que o inverno se fez mais frio e tenebroso
Me deixando o direito de existir e nunca o de viver
Nunca mais  entendi o real significado de amoroso
Tudo porque um dia acreditei sermos só um: Eu e você

Você que não deixou que a primavera
Fizesse parte desse meu existir
Pois o outono se fez rápido despetalando meus sonhos
O inverno abrigou minha alma cansada de se iludir
E hoje ainda choro nesses versos que componho

ÚLTIMO ATO


Um olhar vasculha tranquilamente o ambiente, nada alí lhe parece sério ou verdadeiro. Um cheiro forte de flores impregna o local, acomodando um ou outro suspiro que parece destoar daquele lugar, são suspiros de impaciência, como a dizer: já basta! um olhar melancólico percorre com certa nostalgia as lembranças que se embaralham como a pedir desculpas por não ter dado um pouco mais de atenção quando o momento pedia.

Um cheiro ameno de saudades se espalha no ar já um tanto cansado de murmúrios abafados entre os sussurros dos que estão em estado de torpor pela delicada e natural situação. Uma brisa suave toca de leve aquela tez gélida desgastada pelo tempo... Marcada pelas horas de angústia, solidão e saudades que sempre a acompanhou.
As pálpebras cerradas não mais deixa ver o que outrora possa ter sido beleza e em muitas ocasiões, tristeza. Mas era todo o seu bem, todo os eu valor espelhado num olhar, algumas vezes de saudades, outras de alegrias e também dos descasos que a alma gravou. A vida continua... Os acontecimentos se farão maiores ou menores para todo aquele que nesse momento são meros expectadores da vida ou do que julgam ser  vida.

Um silêncio sepulcral embala cada sonho sonhado e não realizado, cada desgosto sofrido e não buscado, cada momento de dor que no tempo não conseguiu se apagado. Alí, bem diante de um olhar aflito (imaginário) se fecham as cortinas que trêmulas parecem fazer uma última saudação. Já não haverá aplausos, o último ato se fez emudecido... Recebendo apenas lágrimas ou resignação dos que se encontram como simples espectadores de uma existência ceifada pelo momento final.

Tudo será suplantado... Sonhos... Alegrias... Desejos... Esperas e dissabores. O silêncio se fará mais forte nas recordações de todo aquele que deixou escapar algo que poderia ser chamado de vida dentro da existência de uma alma inóspita rodeada de agruras.
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O abrir dos meus olhos pôs fim no que poderia ter sido o meu último ato

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

QUE IMPORTA


Na maioria das vezes me sinto apenas como um vulto que passa
Ou pior,  como uma sombra que se agacha cansada
desse trôpego caminhar...
Não importando se tenho os pés feridos e a alma a chorar.
as mãos calejadas e a alma mergulhada na solidão,
se me sufoco na poeira da estrada ao me esgueirar
ou se me firo nos espinhos encontrados
nessa longa jornada quando penso em pôr os pés no chão...

Que importa se nada vivi e tudo sonhei?
se nada aprendi, embora eu tenha tentado.
Que importa se tive anos perdidos...
Perdidos e até hoje nunca encontrados...
Que importa se não sou o que pensei
nem tão pouco o que de mim foi esperado...
Que importa tudo isso...
Se realmente muito pouco tem importado.