sábado, 18 de fevereiro de 2012
DE VOLTA AO PASSADO CAP; VII
" Eu não quero apenas esse ar de mistério que me tira o sono, não quero só esse ar inocente que me instiga a pecar, o que eu mais quero é esse paraíso que seus olhos prometem... Eu quero essa inocência de mulher que ainda não conseguiu deixar de ser menina. Quero essa alma gelada para transformá-la em vulcão..."
CONTINUAÇÃO
CAPÍTULO VII
No decorrer da viagem, a Anny fez amizade com um rapaz que conquistara de imediato a atenção da pequenina Carla. O mesmo, em uma rápida conversa,falara pra ela que costumava ir a São Paulo a cada quinze dias, mesmo achando uma viagem cansativa, não tinha coragem de andar de avião, por isso preferia enfrentar o incômodo de de dois dias de viagem por terra, a comodidade de três hora de voo. E foi assim que ela passou a conversar com aquele moço, na tentativa de diminuir o tempo que ela tinha para pensar no Adolfo e em seu conturbado relacionamento. Mas as vezes é pega perdida entre o passado tão recente e o seu incerto presente.
- Está sonhando acordada Anny? estou falando mas percebi que não me escutou.
- Desculpe-me Pedro. - Esse era o nome do rapaz.
- Não ouvi o que você falou.
- Eu lhe fiz e vou refazer uma proposta. Estou lhe oferecendo uma casa para você morar com a sua filha. Manterei as duas de tudo que for necessário, e de quinze em quinze dias eu as visito. Lhe achei muito interessante e tenho certeza que nos daremos muito bem. O que você me diz?
- Não sei o que o fez pensar que eu seja esse tipo de mulher. Sei que uso de sobriedade no meu comportamento , detesto vulgaridades, estou vestida discretamente,se esse convite foi feito por eu ter sido atenciosa com você, saiba que foi uma maneira de retribuir as gentilezas para com a minha filha. Mas peço-lhe por favor que a partir desse momento afaste-se de nós, pois eu irei ignorá-lo. Depois dessa falta de respeito,o mínimo que você pode fazer é encontrar uma cadeira vaga, pois eu tenho certeza que lá pra trás tem.
- Perdoe-me Anny... não há nada de errado com a sua aparência, menos ainda com o seu comportamento, na verdade você até tem se mostrado um tanto quanto arredia, principalmente quando tento ser gentil, eu devia ter compreendido logo que a sua reação seria essa. Você foi sincera quando lhe indaguei desse ar de sofrimento... Mas na verdade Anny, a culpa desse engano está em você, e pelo visto você ignora esse fato.
- Do que se trata Pedro, me diga por favore eu tentarei corrigir essa falha.
- O problema Anny, são os seus olhos.
- Mas o que há com os meus olhos?
- É que eles demonstram uma inocência que atrai a nossa atenção, mas ao mesmo tempo, por trás dessa inocência existe um verdadeiro convite ao prazer. Com um simples olhar você oferece tudo quanto um homem deseja de uma mulher. Perdoe-me Anny pelo convite, e para o seu próprio bem, evite olhar um homem nos olhos.
Ela fica pensativa, e o restante da viagem transcorre sem incidentes. Ela evita mais o contato com o Pedro. Mas ao descerem na rodoviária, em São Paulo, ele alugou um táxi e praticamente obrigou a Anny a entrar com a Carla, e explicou pra ela que a condução que
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elas iriam pegar ficava muito distante dali, ele falou que a deixaria no ônibus que ela iria continuar a viagem. Ela terminou por aceitar e agradeceu bastante. Ao chegar ao chegar no lugar que ela deveria fazer o outro embarque, ele olha para ela com carinho e diz:
- Perdoe-me mais uma vez Anny, pelo que pensei de você e em caso de qualquer dificuldade, tanto aqui como em Recife, não hesite em me procurar você tem meus dois endereços, não pense duas vezes se precisar de um amigo.
Ele se aproxima da Carla, coloca-a no braço, cochicha alguma coisa no ouvido dela, dá um beijo e um abraço bem forte na pequenina,( como ela a chamava), depois se dirige pra Anny e carinhosamente a beija na testa e murmura:
- Se eu não fosse casado, me casaria com você e com a certeza de nunca me arrepender.
Ela sorri tristemente e diz:
- Obrigada por tudo pedro... E adeus.
- Adeus Anny, e nunca mude a sua maneira de ser e pensar.
Ela se acomoda no ônibus rumo a Ribeirão Pires, e a última visão que ela tem do Pedro, é ele acenando para elas.
Por volta das oito horas da noite ela chega ao seu destino final. O táxi pára defronte ao endereço que ela havia dado ao motorista, e só nesse momento ela pensa na possibilidade de não encontrar a quem ela fora procurar, afinal, já faziam mais de cinco anos que estivera ali, foi quando fugira de casa, e ao chegar aquela cidade, terminou sendo levada pra aquele lugar, onde havia sido acolhida pela d. Emília. Perdida em seus pensamentos, ouve a voz do taxista, que desperta a sua atenção, pois com a indecisão dela, ele se prontifica ir até a casa tocar a campainha. Ela aceita e agradece.
Um pouco depois o motorista volta e diz pra ela, que na casa só tem uma moça, e que esta parecia ter dificuldades em andar, parecia que não havia uma mulher idosa conforme a ela dissera. Anny resolve ir até lá verificar. Acomoda a filha no táxi e se dirige para a casa. Toca a campainha e percebe que há alguém arrastando os pés em direção a porta, ao ser atendida,indaga:
- Moça, por favor a d. Emília ainda mora aqui? Eu preciso muito falar com ela, eu sou a Anny.
- Meu Deus! então é você Anny? - Fala a moça de dentro da casa, e continua: - Eu sou a
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Graciete, filha dela, lembra? - E dizendo isso a convida pra entrar.
Anny se aproxima da porta e pela claridade vinda da sala a reconhece.
- -E claro que eu me lembro de você, e a d. Emília, e o seu esposo, o Colombo?
- Moramos todos aqui... Depois que o meu tio José morreu, não quisemos deixá-la morando sozinha. Ma entre, por favor.
- Sabe Graciete, eu não estou só... E eu vim em busca da sua mãe porque novamente estou precisando de ajuda.
- Quem está ai Grá?
- É a Anny mamãe, aquela moça de Recife, lembra?
- Claro que lembro, mande-a entrar, ela é sempre bem-vinda.
- Estou muito agradecida a ambas. Olha Graciete, eu estou com um pequeno problema.
- Do que se trata Anny? fique sabendo que você pode contar conosco, seja lá pra que for.
- Eu não cheguei só... Trago uma criança comigo... Minha filhinha de dois anos de idade.
É que eu estou atravessando um momento infeliz na minha vida, e lembrei da sua mãe.
- Mas isso não é problema Anny. Vá buscar a menina e as bagagens,vá depressa que está muito frio lá fora. E tenha a certeza,minha querida, você veio ao lugar certo.
Aliviada, ela sai apressada, pega a filha nos braços e o motorista carrega as bagagens. Ela paga a corrida e agradece a boa vontade e a paciência do motorista. Ele ri e dia pra ela:
- Eu tenho uma filha da sua idade, que saiu de casa e nunca mais voltou, nem notícias dela nós temos. tenha certeza que se as pessoas que você veio procurar não estivesse mais aqui, eu ia levá-las pra casa, e pode ficar certa que a minha mulher ia recebê-las muito bem. Mas graças a Deus que deu tudo certo.
- É verdade moço, graças a Deus e a pessoas generosas que ainda existem nesse mundo. Obrigada mais uma vez moço.
O motorista se despede e vai embora. Anny entra com a filhinha e pega as bagagens que ele havia deixado na porta.
- Desculpe Anny, não ter pego suas bagagens, mas é que eu mal consigo andar.
- Não se preocupe Graciete, está tudo bem. Mas veja a minha filha... Situação complicada a minha, não?
- Não se preocupe com nada, aqui vocês terão casa e comida pelo tempo que vocês quiserem,
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daqui a pouco o colombo chega, pode ficar tranquila que nós conversaremos e resolveremos o seu problema. Agora venha... Traga a sua filhinha e venham jantar, a mamãe está providenciando algo.
Ela acompanha a Graciete e leva a Carla pela mão, ela mal consegue acreditar em tamanha sorte, mentalmente pede a deus que continue ajudando.
A d. Emília as recebe com muito carinho e de cara se apaixona pela menina. Põe ela no braço e pergunta a Anny o que a menina vai comer.
- Basta um copo de leite, ela já comeu e logo ela vai dormir.
- E quanto a você... Temos sopa, arroz, pão, salada e frango.
- Obrigada, mas eu estou sem fome.
- Então eu vou preparar um chá, porque eu sei que você gosta.
- O chá eu aceito, obrigada.
Nisso a d. Emília pede licença e sai da cozinha.
- Um instante só e eu logo volto.
Graciete diz pra Anny:
Quando mamãe voltar eu vou pedir pra ela arrumar a dormida de vocês, tenho certeza que o corpo de vocês só pede por cama.
Anny começa a rir e diz:
- É verdade Graciete, principalmente a Carla, foram três dias de viagem muito cansativa.
Nesse momento a d. emília retorna fala:
Graciete, eu já arrumei o lugar pra elas se acomodarem... Coloquei no quarto lá da frente, é o maior e dá pra o jardim, tenho certeza que elas vão gostar, e a Anny que gosta muito de flores, terá um jardim só pra ela. Aliás... É o mesmo quarto que você ocupou da outra vez.
A Graciete e o marido, ficaram com a parte de trás, eu fiquei sozinha nessa parte da frente, essa casa é muito grande... Quatro quartos, só aqui na frente, duas salas essa cozinha enorme, e na verdade o lado de cá eu uso mais na hora de dormir, as vezes a Graciete fica me fazendo companhia enquanto o Colombo não chega. Agora será perfeito Graciete, teremos a Anny e a filhinha dela para alegrar a casa... Já que não tenho netos, será realmente maravilhoso tê-las aqui.
- Eu é que agradeço por tudo... Realmente, foi Deus quem me guiou.
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Anny, você não quer ir dormir agora? vocês precisam descansar.
- Eu sei Graciete, mas prefiro esperar o Colombo, possa ser que ele não aprove a decisão de vocês.
- Ele jamais faria isso... Ele tem um coração enorme... E além disso nunca tivemos filhos, nossa família só se resume em nós três, ele ficará feliz ao ver a família crescendo.
- Falando em mim Grá?
- Oi Colombo, você chegou... Olha, nós temos visitas, lembra da Anny?
- Claro que lembro, como vai você? e que bons ventos a trazem aqui?
- Nesse momento estou bem, mas não foram bons ventos que me trouxeram para cá.
- bom, nesse caso me parece que você está com problemas, mas se você me permite, voltarei a tratá-la como ratinha, como nos velhos tempos, lembra-se? Foi logo quando você chegou aqui, há alguns anos atrás. Você era novinha, não que ainda não seja mas a primeira vez que a vi, olhar desamparado, e toda você respirava medo,insegurança e eu a comparei a um pequeno camundongo, muito embora não houvesse nada em você, que lembra-se um... Mas foi a sua fragilidade, parecia que havia escapado e uma ratoeira, e como você não se importou eu passei a tratá-la por ratinha, claro em casa.
- Eu nunca esqueci aquela época... Foi uma fase ruim da minha vida... Cheguei aqui, sem conhecer ninguém e vocês me receberam de braços abertos, eu as vezes até duvidava da sanidade de vocês... Pois eu, uma completa estranha, mas vocês não apenas me abrigaram, mas me deram amor, respeito e transformaram a minha vida em serenidade. ´E são coisas realmente que não dá pra esquecer.
- Muito bem minha menina, agora me fale, qual o seu problema? é o mesmo de anos atrás?
- Mais ou menos...Anos atrás eu fugia de um segredo que eu achava difícil de carregar. Cheguei aqui, uma completa estranha, desesperada e sem dinheiro e a d. Emília juntamente com o seu José, irmão dela me acolheram... ão sabiam quem eu era nem de onde vinha. Deram-me abrigo, carinho e proteção, sem nunca terem-me me cobrado nada por isso. Ma hoje eu fujo do destino, da vida, ou até mesmo de mim, ainda não sei ao certo, a maior diferença é que eu hoje não estou só, eu trago uma filha comigo.
- E onde está essa criança?
-No quarto grande Colombo, dormindo. - Responde a Graciete.
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- Eu posso ir olhar a sua filhinha Anny?
- Com certeza Colombo, não precisa nem perguntar.
Colombo se dirige para o quarto e fica olhando encantado para a pequena Carla, que dorme tranquilamente, alheia a tudo que se passa a sua volta.
- Ela é linda Anny! vocês vão morar conosco não é?
- essa resposta só depende de vocês.
- Meu Deus, vocês caíram do céu Anny. - Fala o Colombo, e continua.
- Desde que você se foi rata, nós sentimos muito a sua falta, como você bem sabe, nós nunca tivemos filhos e nós a queríamos como tal, por isso foi difícil nos acostumarmos sem você. Agora nós já estamos mais velhos e continuamos sós. Portanto, você será outra vez a nossa filha, e a sua pequena nossa netinha. O que me dizem; Grá e d. Emília?
- Por nós está ótimo, a mamãe quando recebeu a Anny e sua filhinha, ficou como boba,imagine eu.
- Então está decidido rata,nós somos a sua nova família.
- Ma gente, eu preciso arrumar um emprego e um lugar pra deixar minha filha, preciso manter a mim e a ela.
- a partir desse momento as duas serão responsabilidade nossa, não é Colombo?
- Exatamente ratinha, aliás rata,pois ratinha será a Carla, sua filha, é esse o nome dela não é?
- Pois bem... Durante o dia nós temos uma empregada, chega aqui as sete da manhã e vai embora as sete da noite. Depois disso a Grá e a d. Emília ficam sozinhas até eu chegar, trabalho em outra cidade e nunca chego cedo. Eu fico preocupado,pois a d. Emília já está muito velha, apesar de continuar se virando sozinha, a Grá nunca sai,pois não consegue andar direito e eu fico preocupado, duas mulheres só numa casa enorme dessa. Por isso eu disse que vocês vieram mandadas por Deus. O que eu estou querendo com você Anny, é que vocês passem a morar aqui, e depois que a Lourdes, nossa empregada se for, vocês façam companhia a elas duas,mas não se preocupe que ela não demorar pra ir deitar, e no dia que você tiver algum compromisso, é só avisar que eu pago um extra pra Lourdes ficar com a Carla. Você aceitando, as duas terão casa, comida e roupa, aliás tudo o que precisar e mais uma boa mesada, como eu faria se tivesse uma filha.
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- Nada mais nos falta, precisávamos de uma pessoa jovem nesta casa e uma criança pra alegrar nossos dias, estou realmente muito satisfeita Grá.
- Eu também mamãe... Eu também.
- Outra coisa Anny, não queremos que se sinta devendo favores, pois você é quem está nos prestando um grandioso favor ficando conosco, principalmente porque nós ocupamos a parde de trás da casa e a mamãe fica com a parte da frente, só que ela só ocupa o último quarto e a saleta, o resto da casa está livre... Pra vocês Anny... Pra vocês. E eu não estarei mais tão preocupada, pois sei que de agora em diante ela terá companhia nessa casa.
Ainda empolgado, o Colombo fala:
- Acho bom deixarmos a rata ir dormir,pois ela está muito cansada. Amanhã, todos poderão conversar mais a vontade.
- Tem razão Colombo, estou um pouco cansada. Boa noite a todos.
Pela primeira vez em muito tempo, ela deita a cabeça no travesseiro com um pouco de tranquilidade.
Quando todos haviam se recolhido, ela percebe que a parte principal da casa ficara só para elas. Sorri satisfeita, ali ela poderia chorar todas as suas mágoas que ninguém iria ouvir.... Na mesma hora o seu sorriso se desfaz... ela pensa no Adolfo. seus olhos se enchem de lágrimas e mesmo contra a sua vontade começa a fantasiar sobre as suas vontades,
"Ah! como eu queria que estivesses aqui comigo Adolfo, sentir seus braços aconchegando-me, aquecendo-me de todo esse frio, que embora nesse momento, muito mais frio reina na minha alma".
O passado havia deixado marcas profundas nela, o presente apesar de estar sendo tão abençoado, ainda não conseguia tirar toda a tristeza que havia dentro dela. O futuro ela temia, pois sabia que este, continuava obscuro. Ma mesmo assim, ela ainda acalentava a esperança de que um dia, ele não se fizesse tão infeliz, como estava sendo a sua vida ultimamente.
A noite avança... O silencio da madrugada rompe as barreiras angustiadas que os calados gritos de desejo não consegue desfazer da mente da Anny a figura imaginária do Adolfo, pois é no silencio perdurante da sua alma que ele está mais presente... Mais vivo.
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Anny deixa seu pensamento falar alto:
"Ah! Adolfo, se pudesses ver quanto mal me fazes, mas paradoxalmente, só consigo estar bem quando mergulho em tudo que me traz você".
Ela olha a filha, que dorme tranquila, se afasta, pega papel e lápis e começa a escrever:
"Adolfo, nem mesmo quando a vida me foi cruel te bastou,nem tão pouco as lágrimas de dor que foram derramadas abrandou teu coração.
Não escutasses um grito de desespero que em vão tentou ser sufocado... Não acreditasses em um olhar vago e perdido que já nada pedia... Apenas mendigava, não sentisses a dor quão aguda era, me tirava a vontade de viver. Tudo foi em vão. Não escutasses a voz da tua consciência, num lapso de momento, sentisses a vida que te prendia a mim, mas não sentisses o sentimento que nos ligava. Foi duro descobrir Adolfo, mas na realidade o que nos separava conseguiu destruir o que nos unia..."
Ela fecha o bloco e deixa as lágrimas correrem livres por seu rosto. Chega a ser cruel ela admitir, mas amava o Adolfo como jamais alguém poderia amá-lo, pois ela o amava com seus erros e defeitos, e nem ele, nem ninguém jamais suspeitaria de tão grande verdade. Para ela esta seria uma espécie de vingança, mesmo que banal.
E se um dia eles voltassem a se encontrar, ela teria que ser forte para não repetir o erro de voltar pra ele como acontecia a cada novo reencontro, e ela buscaria forças no sabor amargo de rejeição que haveria de perpetuar na sua alma e as dolorosas feridas, se transformariam em profundas cicatrizes e a imagem dele, um dia cairia no esquecimento, pois ela devia esquecer a qualquer custo que em sua vida existira um espectro de homem chamado Adolfo.
Anny desolada, tenta pela última vez fechar o seu coração para as lembranças de um amor que em seu coração havia feito morada, deixando-a marcada de forma tão negativa.
Os dias vão passando sem novidades. Ela conhece a empregada daquela família, gostou muito da Lourdes. Quando ela ia embora, a Carla fazia companhia pra elas, e em muitas vezes, deixava a Carla com elas e se isolava no quarto, pois nunca conseguia deixar de sonhar, mesmo que ela estivesse cansada de afirmar que do passado, só queria a filha.
A Carla conquistara rapidamente a amizade e a admiração de todos, e não eram poucos os
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comentários que faziam a respeito da boa educação da menina,pois sendo tão novinha, sabia se comportar com com esmero em tudo o que fazia.
O Colombo quando chegava à noite, sempre trazia consigo petiscos para todos, principalmente para a Carla. - Sua ratinha. - Como ele a chamava.
A Anny sempre estava pronta pra ajudar... Uma maneira de demonstrar a gratidão por tudo o que haviam feito e ainda faziam por elas. Em pouco tempo elas haviam conquistado o carinho, o respeito e a admiração daquela família, inclusive dos amigos e vizinhos deles.
Certa noite o Colombo chega mais cedo e fala pra Anny:
- Hoje, vem aqui um rapaz,um boa pinta, ele vem lhe propor um trabalho, ele disse que só irá tirá-la daqui metade do tempo que a Lourdes passa aqui, ou seja meio expediente, ele garante que não irá atrapalhar a sua vida em nada, e que pagará pra alguém ficar com a
Carla se for necessário. Como você disse que não quer envolvimento com ninguém,me atrevi a lhe contar, é que ele lhe viu passando no comércio algumas vezes, e como você vive no mundo da lua não percebeu ele seguindo-a, e ao descobrir que você morava aqui, tratou logo de me procurar, e sem entrar em detalhes comentei alguma coisa sobre você, então ele me perguntou se você era comprometida, e ao dizer-lhe que não, ele passou a vir aqui todas as tardes na esperança de vê-la sair, só que você não mais saiu de casa, desde então, ele fica aí na frente, você não percebeu?
- Sim, já percebemos, por sinal quem chamou a nossa atenção foi a Lourdes, dizendo que havia um carro, que há algumas tardes ficava parado bem na frente da casa,só que do outro lado da rua, mas pra ser honesta, eu mesma não dei importância ao fato. Quanto ao serviço, se for honesto e não atrapalhar a rotina dessa casa,poderei até aceitar, afinal em nada eu ajudo vocês,apenas dou despesas, poderei pagar um pouco mais a Lourdes pra olhar a Carla, já que será apenas meio expediente.
- Anny, não volte a falar sobre isso. O assunto já foi discutido, esclarecido e resolvido. Desde quando eu vou aceitar que a minha filha venha a ter alguma responsabilidade financeira nesta casa? Já deixei bem claro que nesta casa, você e a Carla é nossa família. Quanto ao serviço que ele vai lhe oferecer, será apenas um disfarce, ele quer a você, pois quando eu, irritado, expliquei pra ele que você não era o tipo de mulher que ele estava pensando, e que vocês duas estavam sob a minha responsabilidade, ele riu e me disse:
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-Ora Colombo, se eu achasse que ela era esse tipo de mulher, eu teria ido diretamente falar com ela, Você está enganado amigo... Mulher nenhuma nunca chamou a minha atenção dessa forma... Tenho até negligenciado meu trabalho, se eu não fosse meu patrão já teria sido dispensado. Mas a visão que eu tenho dessa mulher tem me deixado louco... Não dá pra esquecer aquele olhar... Juro a você meu amigo, eu caso com ela se ela me aceitar. Se ela vir trabalhar comigo, em pouco tempo já me conhecerá, e aí eu poderei pedi-la em casamento, só não posso fazer isso assim...Sem mais nem menos,ela pensará que sou um louco e ai tudo estará perdido. Você precisa me ajudar.
- Então eu o convidei pra vir aqui hoje â noite. Por isso sai mais cedo do escritório. Entendeu tudo o que eu lhe falei Anny?
- Sim Colombo, e lhe agradeço muito por me ter sido tão amigo, deixe ele vir, não acredito que ainda pensará em voltar depois que ele sair daqui, só se ele tiver algum assunto com você. Pouco tempo depois dessa conversa, escutam alguém batendo na porta.
- Deixem que eu vou atender. - Diz a Anny.
- Boa noite,o que deseja?
- Sou amigo do Colombo, ele está?
- Está sim, a quem devo anunciar?
- Cezar... Cezar Bellotto, ele sabe da minha visita.
- Então me acompanhe por favor.
Após as apresentações, o Cezar começa a conversar sobre amenidades, sem no entanto,desviar a sua atenção da Anny. Ela percebe, mas finge não notar. De repente ele olha para ela e se dirigindo aos donos da casa comenta:
- Então Graciete, o Colombo falou que vocês adotaram uma filha e ainda ganharam uma neta, satisfeita?
- Você nem imagina o quanto estamos felizes, a mamãe vive falando isso a todo instante.
- É Anny, seu nome, não?
- Sim
- Os amigos costumam me chamar de Bello.
- Bem, como eu não faço parte desse grupo, prefiro tratá-lo por seu Cezar.
Nisso ouve-se uma gostosa gargalhada, era o Colombo, que logo foi acompanhado pelos risos
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da Graciete e da d. Emília.
- O seu charme não me parece tão infalível Bello.
- Por acaso você andou me pintando de conquistador barato Colombo?
- eu jamais faria isso Cezar, apenas mencionei que estava esperando um amigo, mais conhecido como o terror das mulheres.
- Assim não dá Colombo, você indispôs a Anny contra mim,mesmo que indiretamente.
- Engano seu... O Colombo não fez isso e jamais o fará, por não ser necessário. Apesar de achá-lo como vulgarmente dizem por aí... Bonitão, o senhor nunca conseguiria abalar meu coração, e sem querer parecer pretensiosa, eu jamais o olharia duas vezes.
- Eu nunca pensei que um dia chegaria a ouvir isso. Mas o que a faz agir assim Anny?
- É simples... O que leio em seus olhos é o que vai na sua alma, e o que o senhor quer de mim, perdoe-me se estou sendo grosseira, é uma boa companhia, terna, doce e amorosa,para não dizer outros adjetivos. Mas o senhor se engana comigo. Não sou terna, jamais serei amorosa e doce e quanto as demais qualidades, se isso se pode chamar de qualidade... Um iceberg faria um melhor efeito.
Eles não perceberam que não havia mais ninguém na sala, todos se retiraram discretamente.
- Mas Anny, não é isso o que vejo em seus olhos.
- Sei perfeitamente disso, pois já ouvi essa frase dezenas de vezes, mas creia-me o que vocês dizem que os meus olhos oferecem, é apenas fruto da imaginação doentia de vocês, que os lê com segundas intenções. E lhe digo mais seu Cezar, já tive o desprazer de ouvir um padre dizer que eu tinha cara de anjo, mas meus olhos refletiam o inferno que devia arder em minha alma. E foram muitos os que se enganaram comigo. Olhe pra mim como se eu fosse a sua irmã e garanto que nada disso, verás. - E pedindo licença ela se retira, passa pela outra sala e diz pro Colombo que o amigo dele ainda está na casa. Colombo imediatamente vai ter com o amigo.
- Eu te avisei Cezar que ela era diferente.
- Pois Colombo, agora é que eu vou querer essa mulher pra mim, mas eu juro, que eu nunca lhe faltarei com o respeito... Mas dela eu não vou desistir.
- cuidado Cezar,não quero perder a sua amizade.
- Você jamais a perderá Colombo e até amanhã.
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No dia seguinte o tema principal do café da manhã era a visita do Cezar.
- Anny, a Graciete me contou que você deu o maior fora no Cezar.
- Ora Lourdes, eu apenas falei a verdade, que mal há nisso.
- Nós o conhecemos Anny, ele é um bom sujeito trabalhador. Depois da morte do pai, ele, assumiu a pedreira e duplicou a fortuna da família. E apesar dele afirmar o contrário,nós o achamos um conquistador. E tenha certeza, ele nunca foi de se abalar atrás de uma mulher, por isso achamos estranho ele vir procurar a Anny.
- Ora Graciete, ele deve ser um boa vida... Não tendo o que fazer, achou que poderia se divertir comigo.
- Anny, eu o conheço mais de fama, e dizem que ele tem a mulher que quer aos pés... Só que ele se faz de difícil, na verdade deve ser um convencido... Bonito, rico e um mundo de mulheres loucas por ele. deve ter sido horrível pra ele,a primeira vez que vai em busca de uma mulher, leva um tremendo fora.
- Para tudo na vida há uma primeira vez Lourdes, e se realmente essa foi a primeira, pode estar certa que outras acontecerão.
- O que a faz pensar assim minha filha?
- Os olhos dele d. Emília... Os olhos dele.
Dois dias depois a Lourdes chama a Anny para irem até o comércio.
- Vai dar não Lourdes... O tempo está mudando e eu não quero que a Carla se resfrie.
- Não seja por isso. - Interrompe a d. Emília e continua: - Eu e a Gra ficaremos com a Carla, não é Gra?
- Mas é claro mãe. Carla não dá trabalho e além disso a Anny precisa sair um pouco.
- Está bem, assim eu aproveito e ponho algumas cartas no correio.
Elas saem após o almoço,assim que a Lourdes arruma a cozinha e deixa o lanche de todos sobre a mesa.
- Anny, você está muito elegante nessa roupa, já pensou se cair uma chuva?
- Eu vou adorar... Nunca mais tomei banho de chuva. Além disso desse de exageros,eu estou muito simples.
Elas continuam conversando,por ser um lugar não muito grande, por onde passam, são motivos de olhares curiosos, ninguém conhece a Anny, e uma pessoa estranha, sempre chama a atenção.
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ela vestia uma calça de veludo de cor preta, uma blusa branca e um suéter preto e branco, usava botas de cano longo... Tinha os cabelos soltos, caídos em cascatas por sobre os ombros... Porém o que mais chamava a atenção era o seu jeito sonhador e o seu ar de mistério.
Já estavam voltando quando de repente uma chuva forte, acompanhada de bastante ventania desaba sobre elas.
- Anny,vamos correr.
- Lourdes, acho melhor irmos andando, não tem onde nos abrigarmos e se sairmos correndo feito loucas, vamos nos molhar do mesmo jeito.
Mal a Lourdes acabara de concordar, um carro pára, o motorista abre a porta e grita:
- Entrem depressa!
A Loudes não espera segunda ordem. E quando a Anny dá por si, é empurrada para dentro do automóvel, pelo motorista que havia descido do carro.
Um pouco molhado, o homem senta-se diante do volante e olhando para a Anny pergunta:
- Está muito molhada Anny?
Surpresa ela disfarça e responde:
- Não seu Cezar, e obrigada pela carona,mas não precisava se incomodar.
- Você é mal agradecida assim mesmo, ou é porque o salvador sou eu?
- Não é que eu não esteja agradecida, até porque, pela Lourdes... Por mim estava tudo bem... Adoro andar na chuva e essa sua súbita aparição não me parece coincidência.
- Tem razão, eu as estava seguindo, mas é porque eu achei que ia cair um temporal.
-Está bem seu Cezar, vou fingir que acredito, para não perder... Talvez o amigo. Mas não considere isso uma batalha ganha. É apenas uma chance para uma trégua.
- Lhe agradeço de coração... Se é que eu ainda tenho um... Depois de conhecê-la.
- Pois trate de procurar seu coração pelas esquinas da vida por onde tem passado. E não alimente ilusões a meu respeito.
- Poderemos ao menos ser amigos?
- Vamos tentar.
O precurso é feito rapidamente, ao chegar a Anny desce rapidamente, agradece e sai apressada. O Cezar chama a Lourdes.
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- Por favor... Me ajude a conquistá-la
- Eu acho muito pouco provável você conseguir isso. Me desculpe mas essa é a verdade.
- Mas eu não desistirei. Meus cumprimentos a d. Emília e a Graciete.
- Graciete, você não imagina quem nos trouxe, tenta adivinhar.
- Provavelmente o Colombo, embora , normalmente ele ainda não teria chegado. Acertei Lourdes?
- Nem de longe você acertou. Quem nos trouxe foi o Cezar, ele não suportou ver a Anny levando chuva.
- Verdade isso Anny? - Pergunta a d. Emília.
- Exagero de Lourdes, ele apenas ia passando e nos deu uma carona.
- Eu não sei nada disso. O papo que rolou foi bem diferente. pelo que eu entendi, se eu estivesse sozinha, teria tomado um belo banho de chuva, e não acharia quem me trouxesse em casa.
ignorando o último comentário, a Anny se dirige para a filha e lhe entrega um pacote.
- Bombons para a criança mais linda do mundo.
- Obrigada mamãe.
e feliz ela se afasta e vai repartir com todos.
Dois dias depois ela recebe uma visita.
- Boa tarde! A Anny está?
- Está sim. - Responde a Lourdes. - Um momento que eu vou chamar.
- Anny, visita pra você.
Ela sente o mundo girar sobre si, e com o coração em tumulto ela se dirige para a sala.
"Meu Deus, será que é o Adolfo? Ah! se for, como eu ficarei feliz".
Mas ao chegar a sala de visitas, ela depara como Cezar, decepcionada murmura:
- Ah! é você...
- Esperava alguém especial?
- Não, eu não esperava ninguém, aliás devo deixar bem claro que não tenho tempo a perder em esperar por quem quer que seja. Mas diga-me, a que veio?
- É que eu comprei um terreno e gostaria muito da sua opinião,não interprete mal o meu convite, não há nada por trás dele, apenas achei que a sua opinião seria muito
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interessante, já que você não é da região, com certeza veria com outros olhos, e devo dizer-lhe que o Colombo concorda com a minha opinião.
Logo se ouve a voz da Graciete, da outra sala.
- Vá Anny, pelo menos você se distrai um pouco, apesar da fama do Cezar, ele não demerecedor da nossa confiança.
Saíram, o carro seguia rápido para um pouco fora da cidade. A Anny continuava calada,
depois de algum tempo o Cezar parou o carro e convidou-a a descer.
- O que acha desse lugar Anny?
- É lindo! Um verdadeiro espetáculo da natureza... A visão que nos proporciona ´´e realmente deslumbrante... Imagine um por de sol daqui... A cidade repousando aos pés de quem estiver a admirá-la... É realmente belíssimo esse lugar. O seu terreno é próximo daqui?
- Esse é o terreno Anny... Comprei toda essa área, aqui eu pretendo construir uma mansão, para que você possa ter todo o conforto e desfrutar de toda essa beleza.
- Eu sinto muito, mas você deve realmente estar louco, eu jamais terei um caso com você.
O Cezar a interrompe:
- Eu não quero ter um caso com você... Eu quero casar com você.
- Não insista Cezar por favor, eu já lhe disse que nada espere de mim, além de um pouco de amizade.
- Ter a sua amizade nesse momento, pra mim já é uma grande conquista, mas eu quero mais e tenho a certeza que o que eu quero com o tempo virá. Eu não quero apenas esse ar de mistério que me tira o sono, não quero só esse ar inocente que me instiga a pecar, o que eu mais quero é esse paraíso que seus olhos prometem... Eu quero essa inocência de mulher que ainda não conseguiu deixar de ser menina. Quero essa alma gelada para transformá-la em vulcão... Eu preciso desse corpo de menina para transformá-lo numa mulher de verdade, e prometo a você, amor, carinho proteção e conforto para você e a sua filhinha, que passará a ser minha também. Será tão impossível assim o que lhe peço?
- É Cezar, é realmente impossível, pois embora não pareça, esse corpo de menina há
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muito se fez mulher, esse vulcão que você diz se esconder sob a minha alma, há muito se acha extinto, e esse rosto de sofrimento que você o acha ser de inocência, é apenas uma grande indiferença, um íntimo desprezo que de momento sinto pelos homens.
O Cezar abaixa o rosto e de leve roça os lábios dela, afasta-se, olha-a novamente para logo em seguida beijá-la com paixão. E nesse momento ele sente o que a Anny quis dizer. Ela jamais conseguirá amar outro homem.
- Perdoe-me Anny, depois que a conheci, passei a sonhar e a fazer planos, mas reconheço que agi como um louco e percebo, muito triste que fui derrotado. Você é a mulher certa que eu conheci numa hora errada.
Ela olha-o profundamente e nada diz. Retornam em silêncio, ela sabe que nada pode fazer para aliviar o sofrimento dele naquele momento, e apesar dela nada ter feito para encorajá-lo, ela conseguia tê-lo a seus pés. E o que a deixava extremamente infeliz, é porque ela daria tudo para ser ela a ter uma chance de atirar-se aos pés do Adolfo e pedir-lhe as migalhas do seu amor.
Ao chegarem, ele nada fala. Desce do carro e abre a porta para ela. Toca de leve em seu rosto e diz:
- Apesar de tudo o que você me falou Anny, se mudar de ideia mande um recado e eu virei correndo. Aceitarei qualquer condição.
E assim dizendo, se aproxima mais, beija-lhe os olhos e sussurrando:
- Foram eles... Esse par de olhos verdes que me enfeitiçaram.
Ele se despede e a beija suavemente pela ultima vez. E vai embora sem olhar para trás.
Nisso ela ouve uma voz suave atrás de si.
- Mamãe posso brincar aqui fora um pouquinho?
- Não Carla... Vá conversar com a tia Graciete e com a tia Lourdes que daqui a pouco a mamãe irá se juntar a vocês.
- Está bem mamãe.
A Carla entra e se dirige para a sala de jantar. Ela observa a filha se afastando e começa a relembrar na noite que chegaram ali. Estava muito frio, e a Anny apavorada com a ideia de não encontrar a d. Emília, mas a sorte estava do seu lado e tudo dera
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certo. Ali elas encontraram apoio, amizade, carinho e proteção. Tudo elas tinham, e mesmo assim a Anny se sentia infeliz, e a medida que o tempo passava ela se tornava mais apática, pois para ela, apesar de tudo, viver significava Adolfo, era um verdadeiro suplício. Seus únicos momento de esperanças era quando o carteiro chegava.
Numa tarde, enquanto a Carla brincava com a Graciete e a Lourdes, a Anny se põe a escrever, esse foi um hábito que ela adquiriu após tanto sofrimento e sem ter com quem desabafar. E era sempre que a solidão penetrava ainda mais forte em seu coração que ela escrevia sabendo que ele jamais iria ler. Ela termina mais um desabafo quando
o carteiro chama... Ela fecha seu diário e vai atender. Era uma carta da sua irmã mais velha, a Danny, entre outras notícias, ela dizia que havia encontrado o George, um amigo delas do tempo de adolescência, na verdade um fã que a Anny conquistara em seus apenas doze anos. A Danny narrava como havia sido o encontro e que a primeira coisa que ele havia perguntado havia sido sobre ela. Ela diz que contou tudo pra ele, e que a Anny agora estava em São Paulo com a filhinha. Ela ainda dizia que o George prometera escrever pra ela.
Anny se alegra com a notícia, o George havia sido um amigo do colégio, um amigo dos bons tempos de adolescência e com certeza nunca traria más recordações.
Guarda a carta na escrivaninha... Olha pela janela e vê a filhinha brincando feliz no jardim, ouve as risadas da Graciete se divertindo com a menina e usa travessuras, ao voltar o rosto a Anny depara com a caneta com a qual estava escrevendo mais um dos seus desabafos... - Há Adolfo, se pudesses ler tudo quanto tenho escrito pra você, apesar de todas terem o mesmo tema, pois todas eram de revolta, angústia, mágoa como mais esta que acabara ainda há pouco.
Ela abre o diário e começa a ler:
" Adolfo, quando as lembranças me vem à mente, e a saudade mesquinha me fala de você, eu procuro desesperada enganar a mim mesma que também sentes essa saudade amarga que me tira da alegria todo o prazer, da vida toda a liberdade.
Hoje estamos separados, e sozinha, olho triste a tarde que se esvai lentamente e resignada eu me lembro de você, mas me lembro com tamanha intensidade, que muitas vezes julgo que te encontras ao meu lado. E se fecho os olhos eu chego a sentir as tuas mãos me acariciando. Ouço a tua voz me falando de amor. Abro os olhos e percebo
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como tem sido imensa a minha vontade de tê-lo comigo.
Será que agora, longe de mim, consegues te lembrar de pelo menos um de nossos entardecer, será que recordas desse teu amor que com certeza nunca foi efêmero?
Adolfo, quando a noite chega, traz consigo a saudade maior... Mais uma vez meu pensamento está voltado para ti... Será que agora que estou distante, não tentas matar tudo o que foi belo, foi sonho e alegria em nossas vidas?
Será que conseguirás um dia, esquecer nossos loucos momentos, como o daquela noite na beira da praia quando corresses pela praia comigo em teus braços e terminamos por fazer amor... Sabe Adolfo, ainda ontem eu estava olhando aquele chaveiro que tu me desses, e que ao girar a bolinha aparecia escrito eu te amo...
Adolfo! Adolfo não consigo esquecer nada de nós dois... Nada foge das minhas dolorosas recordações.
Sei que hoje deves procurar pela vida à fora um outro amor, para esquecer o nosso, que com certeza também te marcou profundamente.
Para mim Adolfo, me trouxeste o amor em forma de tormenta, mas resignada aceito e até procuro entender que nada haverei de fazer para tirar essa saudade que fez morada em meu coração, e sempre que me lembro de ti, eu só desejo que eu nunca seja esquecida."
Nesse momento ela fica pensando por onde será que anda o Adolfo, então ela sente o coração transbordando de infelicidades... Chora todo o seu desespero, e nesse sofrimento sem igual, sente uma mão pousar em seu ombro.
- Anny minha querida, você está bem?
- Sim Lourdes... Deixei-me levar pelas lembranças, mas já está tudo bem, obrigada.
- Olha Anny, eu acho que nós devíamos sair amanhã à tarde, assim você se distrai um pouco.
- Tem razão... Eu levo a Carla.
- Ótimo, assim eu aproveito e pego meu filho no colégio e o levo também, e aviso pro Diogo, que na volta ele fica com o menino.
- Seu marido não está trabalhando?
- Não... Ele está de licença, apenas uma semana, pra ele fazer um curso de capacitação. E ai, tudo certo?
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- Por mim tudo bem Lourdes.
A Graciete achou ótimo, pois eles estavam preocupados com a Anny, que nunca saia de casa e só vivia calada, triste e ela saindo iria se distrair. E assim na tarde seguinte, elas partem com destino a uma cidade vizinha... Mauá.
O passeio foi divertido, as crianças estavam felizes, em raros momentos, ela conseguiu esquecer o Adolfo, mas sempre havia algo ou alguém que a fazia lembrar dele.
Já era quase noite quando retornaram. Iam caminhando tranquilas, o Vando, o filho da Lourdes pega na mãozinha da Carla, num cuidado muito bonito. De repente a Loudes fala:
- Não olhe agora Anny, mas eu acho que estamos sendo seguidas, e se eu não estiver enganada, esse mesmo homem nos seguiu durante uma boa parte da tarde.
- Mas o que poderia alguém querer de nós? se é que estamos mesmo sendo seguidas, vamos andar mais rápido Lourdes.
Imediatamente ela pegam as crianças pela mão e começam a caminhar mais rápido, é um percurso até longe, da estação até a casa da d. Emília.
- Tá vendo só Anny, foi por isso que eu insisti para virmos de ônibus, mas você preferiu caminhar.
- Você devia ter me dito alguma coisa.
- Não quis estragar nosso passeio, e você me parece menos infeliz em alguns momentos.
Então elas percebem que o homem também apressou os passos, a Anny olha para a Lourdes e fala:
-Vamos parar Loudes.
- Está louca Anny.
- Lourdes preste atenção... Pega na mão do Valdo e da Karla e se for preciso corra com os dois.
- Anny, nós não sabemos o que este homem está querendo.
- Vamos saber agora.
E assim dizendo ela se volta e espera o estranho.
- Moço, por acaso está nos seguindo?
- Sim estou.
Aquela resposta desconcerta a Anny, mas ela logo reage.
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- Podemos saber o motivo? cara de bandido o senhor não tem, de maníaco muito menos, por acaso se diverte amedrontando mulheres desacompanhadas?
- Não é nada disso que as senhoras ou senhoritas estejam pensando.
Anny se volta para a Lourdes e fala:
- Vamos amiga, não acredito que este rapaz vá continuar fazendo papel ridículo.
- Um momento moça!
Ambas param.
- Afinal de contas o que o senhor deseja? - Pergunta a Lourdes
- Desculpem-me, eu só quero saber o nome e o endereço da garota de olhos verdes.
- E o senhor acha que eu ou ela iremos lhe dar tais informações. - Responde a Lourdes.
- A senhorita é quem sabe, pois enquanto estiverem andando eu as estarei seguindo.
Elas recomeçam a caminhada e percebem que o estranho fez o mesmo. Chegam em casa e ao entrarem, observam que ele está parado um pouco afastado da casa. Momentos depois a Lourdes sai com o seu filho, como haviam demorado muito, não foi preciso deixar o Valdo com o pai, conforme ela havia pensado no início. Quando ela saiu com o filho, o filho, o moço se aproxima, fala rapidamente com ela e se afasta. A Lourdes acena pra Anny e se vai.
Logo em seguida, a Anny dá um banho na Carla, dá mingau e a põe pra dormir. Quando vai pra sala a Graciete pergunta:
- Como foi o passeio, vocês gostaram?
- Sim... Principalmente as crianças.
- Eu tenho uma surpresa pra você Anny. - E assim dizendo a Graciete se dirige até a saleta e volta com uma correspondência... É do George!
Com certa ansiedade, ela pega a carta e lê... Na mesma ele dizia que estava muito feliz por tè-la de certa forma reencontrado. Pedia-lhe que o considerasse um amigo leal e que não hesitasse em recorrer a ele sempre que necessário, que isto o deixaria mais feliz ainda. E finalizava dizendo que ansiava por um breve e promissor reencontro, e enfatizava o interesse em conhecer a pequenina Carla.
Ela fica emocionada com tudo o que acabara de ler. O George mostrava ser ser um rapaz de forte personalidade, e ela fica relembrando do tempo de colégio, quando ambos ainda eram quase crianças.
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Dois dias depois a Anny está sentada pensativa quando a d. Emília se aproxima e diz:
- Minha querida, tem um rapaz ai a sua procura.
- Ele disse o nome d. Emília?
- Não Anny, só posso adiantar-lhe que é alto, bonito e muito educado.
- Quem será essa relíquia! - E rindo ela sai para atender.
- O senhor! exclama ela surpresa.
- Não entendi o espanto. Por acaso achou que eu iria simplesmente segui-las e só? não creio que seja tão ingênua a esse ponto.
- O que o senhor acha ou deixa de achar, realmente não me interessa, apenas peço que se retire, e leve consigo todo o seu atrevimento e petulância.
- Desculpe-me Anny, não foi minha intenção ofendê-la, se é que o fiz, mas vou dizer a que vim.
- Espero que seja rápido, por favor.
- Eu só quero você anny.
- O que? então o senhor chega aqui sem ser convidado, sem ao menos se apresentar e ainda tem a ousadia de falar comigo desse jeito? tá pensando que isso aqui é uma casa de diversão?
- Não precisa se alterar Anny.
- E quem lhe disse meu nome?
- Elementar minha querida... Perguntei a sua amiga naquela noite, quando ela saiu daqui.
- Covarde... Nunca pensei que a Lourdes fosse capaz disso, e nem ao menos me falou alguma coisa.
- E antes que fique mais nervosa, se é que isto seja possível. meu nome é Guilherme, sou advogado, solteiro e completamente livre, interessada em mais alguma coisa?
- Sim, que o senhor desapareça, antes que eu resolva atirá-lo porta à fora.
- Você se atreveria a encostar em mim? eu iria adorar, pois estou louco por isso.
Desesperada ela tenta argumentar.
- Moço, não sei o que se passa nessa sua cabeça, mas pelo amor de Deus vá embora, e me deixe em paz, já tenho problemas demais em minha vida.
- Irei Anny, se você concordar em se encontrar comigo amanhã.
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- Não posso, por favor vá embora.
- Estarei esperando-a às três horas da tarde, na praça, bem defronte a igreja. Se você não for eu virei buscá-la.
E assim dizendo ele se despede e sai sem olhar pra trás.
- Logo hoje você tinha que sair mais cedo, hem Lourdes, mas amanhã você me paga. - Pensa a Anny.
Mal o dia amanheceu ela já está esperando a Lourdes, quando a Graciete acorda, brinca com ela, mas a Anny fica quieta.
- Bom dia para todos, já levantou Anny?
- Não sei porque a admiração Lourdes, você sabe que eu levanto ao amanhecer, todos os dias, por que está estranhando hoje?
- O que está acontecendo Graciete, a Anny hoje está agressiva?
- Ela está mal humorada desde ontem a noite quando ela recebeu uma visita, não sei o motivo, mas ela ficou muito abalada. - Diz a d. Emília.
- Ele esteve aqui Anny?
- Sim Lourdes esteve... Alé de prpotente ele é atrevido e grosseiro, você não devia ter lhe dito o meu nome.
- Um momento Anny! eu achei o rapaz muito educado, será que você não está exagerando?
- Não d. Emília, eu não estou exagerando, ele é tudo isso o que falei e tenho a certeza que muito mais.
- Anny, não me queira mal por isso. Mas naquela noite ele disse que dormiria no terraço se eu me negasse a responder algumas perguntas, e ele foi bastante rápido, e depois ele disse que estava um pouco apressado, pois havia deixado o carro distante do centro, pois quando ele percebeu que não éramos de lá, ele largou o carro e passou a nos seguir a a pé, ele é de Mauá. ele falou que ficou impressionado por você.
- Mas você devia ao menos ter me falado alguma coisa.
- É que eu não quis chateá-la, e além do mais, eu acho que é muito bom pra você conhecer nova, isso lhe fará bem.
- Mas não precisava me jogar ao primeiro troglodita que aparecesse.
- Está bem Anny, prometo nunca mais fazer isso.
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- Acontece Lourdes, que quando ele esteve ontem aqui, ele disse que ia me esperar hoje à tarde em frente da matriz, e ele disse que se eu faltar ele vem me buscar.
- Ele é capaz de fazer isso, ele está muito impressionado, você o enfeitiçou. E ele esteve ontem a noite lá em casa, depois que saiu daqui, o Diogo, gostou muito do jeito dele. Aquela tarde em que nos seguiu, ele ficou olhando quando eu sai, e eu nem percebi. Assim ele descobriu também onde eu morava. Isso ele explicou ontem.Ma o meu marido disse que ele está apaixonada por você Anny e segundo o Diogo ainda falou, que ele é um homem decidido, e homem decidido e apaixonado, é perigo para o coração de qualquer mulher desprotegida como você. Mas me diga anny, você vai ao encontro.
- Não sei, a Graciete acha que devo irmas eu tenho medo.
- Medo de que Anny, a essa hora a praça é muito movimentada.
- Lourdes eu tenho medo dele sim, ele tem uma maneira de olhar que me lembra um certo alguém.
- Sendo assim Anny, é provável que você tenha medo de você mesma, e não dele.
a Lourdes se afasta e aela fica pensativa.
Após o almoço a Graciete diz que vai dormir um pouco e diz pra Anny, deixar a Carla com a Lourdes quando ela for se encontrar com o moço, o Guilherme.
E assim ela termina por decidindo ir ao tão temeroso encontro.
Anny caminha pensativa em direção a praça, ela sente como se fosse se encontrar com o Adolfo, sente uma estranha ansiedade, não sabe definir bem o que vai em seu íntimo. de repente ela pára inquieta, e ao olhar para um dos lados percebe a perturbadora aproximação do Guilherme. Então ela descobre o que a deixa tão assustada. O Guilherme tem a semelhança do andar do Adolfo e a maneira de olhar do Adolfo... Olhar perscrutador.
- Assustei-a Anny? não pensei que estivesse tão distraída.
- Por favor, seja breve seu Guilherme, eu não tenho muito tempo.
- Está bem, mas eu gostaria de fazer-lhe algumas perguntas, você as responderá?
- Se eu puder... Sim
- Bem Anny, naquela tarde em que você foi passear em Mauá, na cidadezinha em que eu moro, eu estava saindo do fórum quando você passou. Eu fiquei lhe observando e logo fui tomado de encantos por você, a sua maneira de andar, de gesticular enquanto conversava com a sua
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acompanhante, logo esqueci o que tinha por fazer e passei a segui-las, e pude observar o quanto você atraía a atenção dos homens por onde passava, o que aguçou ainda mais a minha curiosidade. Continuei seguindo-as, e sendo observando todos os seus movimentos. A maneira decidida de andar a altivez com que encaravas qualquer situação que ia surgindo, e até mesmo a indiferença com que me olhou quando consegui ficar de frente com você. Apesar da sua frieza, o meu coração começou a pulsar mais forte, o que fez aumentar a vontade de vir a conhecê-la melhor, mas eu jamais pensei que ficaria enfeitiçado como fiquei. Tem feitiço esses olhos ou você é toda feitiço?
Imediatamente ela lembra de ter escutado algo muito parecido, e fora do Adolfo, sente os olhos se encherem de lágrimas, e não tenta disfarçar.
- Posso lhe fazer algumas perguntas?
- Está bem, faça-as.
- Quero saber a sua idade, seu estado civil, seu quinhão de responsabilidades para com a vida, , se tem parentes aqui, pois sei que és de Recife, se tem algum tipo de contato com o pai da sua filha e seu grau de instrução.
- tenho vinte e três anos, sou solteira, tenho uma filha, e nela se resume toda a minha responsabilidade na vida, não tenho parentes aqui, nenhum tipo de contato com o pai da minha filha, e sou formada em burrologia com doutorado em estupidez. E mais nenhum tipo de informação.
- Bem anny, eu tenho uma proposta a fazer-lhe, se você aceitar... Vamos morar juntos, eu você e a sua filha, se der certo nos casaremos.
- Você é algum maníaco ou pensa que sou alguma desvairada?
- O que a assusta menina? a responsabilidade do que vai assumir ou terei me enganado de proposta e você só quer casos passageiros?
Ela fica lívida de raiva... Dá uma sonora bofetada do rosto daquele homem que é pego de surpresa.
- O senhor está muito enganado a meu respeito... Não sou nenhuma leviana... Nem tão pouco louca pra ir morar com um estranho.
E assim falando se afasta abruptamente.
- Um momento... Mocinha, eu ainda não terminei. Estou bastante interessado na srtª para aceitar sua resposta como definitiva. Precisarei viajar até Joinville dentro de dois dias,
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vou fazer um curso, mas estarei de volta dentro de três semanas, e irei vê-la e espero ser bem recebido, pois outra bofetada eu não vou aceitar, terá troco.
- Está querendo dizer que vai me bater também?
- Terei o meu jeito de castigá-la. Preste atenção Anny, não costumo brincar com assunto sério, e você pra mim é assunto sério, um pouco difícil e me parece que também um tanto quanto complicado, mas nada disso me assusta, eu já estou com trinta e dois anos e pra mim é chegado o momento de casar´me... Só quero um pouco ce convivência Anny, se você fizer questão faremos um acordo matrimonial, onde lhe darei garantias para o resto da vida. Mas eu não gostaria de tê-la ao meu lado pela segurança de um contrato, e você não é mulher para temporada, é mulher pra vida toda.
O Guilherme olha para ela de maneira profunda, ela se sente perturbada, e o toque do Guilherme, suave sobre seus lábios, lembra do toque carinhoso do Adolfo. Fecha os olhos e ouve o Guilherme sussurrando junto aos seus ouvidos.
- Perdoe-me se estou me aproveitando de você nesse momento, mas não poderei ir sem sentir o gosto dos teus lábios tentadores.
E antes que ela possa ter qualquer reação, sente-se abraçada e beijada por ele. A princípio era um beijo terno, mas logo se transforma em um beijo profundo, sensual, repleto de paixão, ela abraça o Guilherme e murmura: - Adolfo...
Estupefato o Guilherme lhe aperta brutalmente a cintura e diz:
- Isto não ficará assim Anny... Mulher nenhuma me beija pensando em outro homem.
E dessa vez ela se sente beijada de forma cruel, quase violenta e chega a sentir gosto de sangue.
- Me espere que eu voltarei e ensinarei a você a riscar esse maldito nome da sua mente.
Ainda tonta, ela vê o Guilherme em passos rápidos se afastar caminhando em direção a um carro parado ali perto. Ela se senta na praça e fica pensativa. Olha encantada para os pássaros, ainda sentindo um desencadear de sentimentos contraditórios dentro de si. Sem pressa ela volta para casa. Tem caminhado pouco quando ouve um carro se aproximando, ele pára ao seu lado e o Guilherme desce.
- Anny, me perdoe pela grosseria, eu não queria magoá-la, e não é assim que eu quero começar... Mas eu fiquei louco de ciúmes.- Escute Guilherme, ninguém pode gostar de outra
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pessoa dessa forma, sem ao menos conhecê-la. Você deve estar confundindo seus sentimentos.
- Quem está equivocada é você... Enganada com a vida. Não sei se o que sinto por você
é amor, pois eu nunca amei na vida, mas lhe juro que desde aquela tarde, eu não consigo tirá-la da minha cabeça, e isto nunca me aconteceu antes. E quando imaginei um outro tocando-a eu quase enlouqueci, foi uma noite de verdadeiro inferno. Então eu procurei o meu pai e fui conversar com ele, e contei-lhe do absurdo da situação. Ele riu e disse:
- Vai filho, busca essa mulher, pois eu acredito que duas vezes um amor verdadeiro não chega a nossa vida, quem sabe não é ela a mulher que precisas para a vida toda?
Eu fiquei espantado olhando para o meu pai, ele riu e disse:
- Meu filho, a sua mãe, eu a vi através da janela de um ônibus, e dois meses depois estávamos casados e fomo felizes até hoje meu filho. Você está entendendo o que estou querendo lhe dizer?
- Por favor Guilherme, isto não quer dizer que a história vá se repetir, procure me esquecer, eu nada dispondo de bom pra lhe oferecer.
- Tem você Anny... Deixe-me amá-la, e você verá que tupo poderá mudar.
- Impossível Guilherme, sempre que você me beijasse ou me tocasse eu iria fazer o que fiz hoje, e vejo que você não merece isso.
- O tempo poderá mudar o seu modo de pensar, dê-me essa chance... Desse uma chance de ser feliz.
E assim dizendo o Guilherme a beija carinhosamente, no mesmo instante ela pensa no Adolfo e retribui com paixão, ele perce e delicadamente fala pra ela:
- deixe-me ajudá-la a tirar esse homem da sua vida, quando você conhecer meus pais, tenho a certeza que eles dirão a você que eu conseguirei isso, o que sinto é muito forte, dará pra nós dois. Eu vou voltar e quero encontrá-la a minha espera.
- Quando você voltar Guilherme, se eu não estiver mais em São Paulo, não me procure em lugar nenhum, apenas esqueça que um dia me conheceu.
- Poderei e talvez eu consiga atender seu primeiro pedido, mas quanto ao segundo, será impossível... Eu vou viajar com a esperança de começar a viver a nossa história Anny e eu tenho certeza que será muito bonita e feliz.
Ela sente as lágrimas correrem livremente pelo rosto, e ela sente o Guilherme secando as
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suas lágrima com beijos e mais uma vez lembra-se de já ter vivido um momento igual com o Adolfo.
Se despedem, ela não deixa ele levá-la em casa, sente que é difícil permanecer ao lado dele.
Ao chegar em casa, ela nada comenta e o seu silencio é respeitado.
Uma semana já se passou. ela continua abatida, escreve para a Louise e diz que não está muito bem de saúde, mas que não é nada sério. Dois dias depois de ter posto a carta no correio, recebe uma carta de George, ele fala que está louco que chegue o mês de dezembro, pois ele estará indo a São Paulo e irá procurá-la.
Ela fica comovida, mas o medo de voltar a encontrar o Guilherme a assusta e o tempo está passando, provavelmente ela não estará mais ali quando chegar dezembro, aliás ela decide que está na hora de ir embora... É preciso fugir do destino mais uma vez... Ela tem certeza que nunca fará o Guilherme feliz e menos ainda a ela.
Na semana seguinte ela recebe uma carta da sua irmã mais nova, a Paula, ela diz que a Anny deve voltar imediatamente.
Anny está indecisa, e assim permanece até o dia seguinte quando recebe um telegrama da Louise dizendo que o Sandro ia buscá-las, e se não quisesse voltar com ele, a Louise estava despachando a quantia necessária pra passagem e despesa delas durante a viagem.
Anny lembra que está perto de terminar o prazo para o regresso do Guilherme, provavelmente em dois dias ele estaria regressando. Já é quinta-feira, no sábado ele voltará a procurá-la. Ela resolve deixar por conta do destino, quem chegasse primeiro, estaria selando o destino dela.
Na noite seguinte o Sandro chega, e deixa acertado com a Anny que na manhã seguinte, aliás, ao amanhecer do dia estará lá para buscá-las. se despede e vai em busca de um hotel, A Anny não permitiu que a Graciete hospedasse o seu tio, mesmo que por uma noite.
No dia seguinte, antes mesmo de amanhecer a Anny está pronta. A Carla está eufórica, apesar da pouca idade, parece entender alguma coisa. Quando o Sandro chega, ela se despede de todos. A Lourdes foi levada pelo marido pra poder se despedir delas. Depois de falar com todos, ela se aproxima da Lourdes e fala:
- Loudes, o Guilherme deve vir hoje a noite a minha procura, eu disse a ele se quando ele
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voltasse, não me encontrando, não me procurasse... Portanto não lhe dê meu endereço, apenas entregue essa carta a ele.
Está bem Anny, será como você quer- Venha visitar-nos Anny, você ouviu o que o Colombo disse que sempre que precisar, estaremos aqui para recebê-las.
- Obrigada por tudo Graciete, e a senhora também d. Emília, nunca esquecerei de vocês. Aguardem notícias.
- Anny, você quer que além da carta, falemos mais alguma coisa pro Guilherme.
- Sim Lourdes, diga a ele que eu desejo que ele encontre alguém de coração livre, pronta para aprender com ele tudo o que ele tiver que ensinar a uma mulher, sobretudo eu desejo que ele seja muito feliz, e que se serve de consolo, talvez ele conseguisse que essa mulher fosse eu, maseu tenho medo de me machucar e consequentemente machucá-lo também.
- E você Graciete, se despeça do Cezar por mim e diga-lhe que apesar de tudo foi muito bom tê-lo conhecido.
E mais uma vez a Anny parte para mais uma etapa da sua vida, encerrando
aquela fase de loucas e vãs esperanças...
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JÁ DISPONÍVEL o VIII capítulo
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