terça-feira, 28 de setembro de 2010

Desamor



Foram talvez
Centenas de vezes que eu
Debrucei sobre o parapeito da vida
A contemplar
Os cacos da minha dignidade
Criando poeira sobre o tempo

São anos dormindo ao relento
Do meu amor próprio,
Onde por inúmeras vezes
Deixei as lágrimas correrem livres
Tentando lavar a minha alma
Numa infrutífera tentativa
De não me deixar perder
Nos obscuros e frios caminhos
Do desamor.

Tentei povoar meus sonhos
Já desfeitos na amplidão
Dos meus sentimentos feridos...
Tentei entender que é preciso lutar
Para não sucumbir...
Mas a vida esqueceu
De me entregar as armas...
E foram inúmeras vezes que descobri
Que algumas pessoas
Se tornaram como espelhos quebrados,
Onde nunca mais conseguirão
Ter a imagem limpa, sem distorção

Pela vida à fora encontrei mitos
Que amei, transformando-os em deuses
Mas todos eram de barro
E se despedaçaram ao cair do pedestal.
E em meio aos escombros
Percebi que havia um semideus
Que nada poderia destruir
E este era você...
O maior de tudo na minha vida
O único algo que apesar de tudo
Nunca me deixou morrer
Pois sempre encontrei vida
Nas tuas lembranças...

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