quarta-feira, 17 de outubro de 2012

QUASE SEMPRE FATAL


CATEGORIA: CRÔNICA

Me encontro  na sala de espera de uma clínica. Observo as pessoas que ali se encontram. São pessoas aparentemente bem diferentes em sua maioria, principalmente por um casal que destoa totalmente dos demais. Era um senhor de cinquenta e poucos anos, ao seu lado uma jovem que aparenta não muito mais do que vinte e cinco. Eles conversavam baixo, mas devido a minha aproximação (e perfeitíssima audição) escutava  aquele diálogo, hora constrangedor, hora triste. Esses personagens sequer se davam ao trabalho de disfarçar a arrogância e a empáfia de seus olhares, era como se eles exalassem pelos poros superioridade diante de pessoas, no meu entender, para eles,  simples mortais, indignos de  compartilharem o mesmo ar.

De repente, um trecho da conversa desperta a minha atenção, olhei para aquele casal que pareciam estar no lugar errado, tal a soberba com que deitavam o olhar sobre o recinto.
Eles passaram a discutir sobre a urgência da cirurgia. Ele era viúvo e pai daquela única filha... O semblante dele, por um momento denota tristeza e medo ao mesmo tempo. A sentença havia sido cruel... Câncer de próstata e pelo visto já em adiantado estágio. Homem  ainda jovem, mas que tanto orgulho e dinheiro parecia que não iria ajudá-lo muito naquele momento.

O que teria feito aquele homem se descuidar de tal forma da saúde e da vida? Será que lhe passava pela mente que o dinheiro, status ou mesmo  toda aquela arrogância o faria imune as fatalidades da vida?
O que vi em seguida, foi um homem que se dirigia para a porta da saída com os ombros caídos, mostrando ter sido vencido e que pouco a pouco  iria entender que era igual a todos, com a única diferença... Ainda havia dinheiro e um certo poder que o diferenciava dos demais, mas não o transformava em um deus, em um juiz da sua verdade, única e absoluta. A prova disso era aquele mal que o afetara como já acontecera com milhares, em sua maioria sem poder... Sem dinheiro. Mas de carne e osso como ele e tantos outros que se julgam superior por possuir melhores condições de vida ou mesmo riquezas em demasia.

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