quarta-feira, 24 de agosto de 2016
UM BRADO DE REVOLTA
CRÔNICA
As vezes passamos uma grande parte da vida nos enganando, Achamos que somos amadas mesmo contra a nossa vontade (ao sentir tantas coisas fora do lugar), fechamos os olhos na louca tentativa de nos enganarmos... Mas o tempo passa...
E cruelmente percebemos que nada é do que julgamos ter sido, (não sei se por ser sensível demais) vamos notando as coisas soltas, perdidas, e tentamos de alguma forma colocar no lugar e inúmeras vezes criamos um novo lugar, mas os sentimentos são antigos, as situações são de ontem. Talvez se agíssemos com sabedoria, veríamos que nada é de hoje e jamais será de um provável amanhã, tudo está perdido, e é um erro não perceber, ou melhor fechar os olhos na inútil tentativa de que é apenas um mal sonho, e que este muito em breve não passará de um pesadelo.
O peso dos anos afeta principalmente a memória... As boas lembranças se confundem pois não passam de cenas desbotadas pelos anos, ou amargamente apagadas.
Hoje, olhei para trás e o pouco que vislumbrei estava coberto pela poeira do tempo... O riso tantas vezes cristalino foi se formando num cruel esgar.
Devo ter sido muito tola... Aliás, acredito que sempre fui... As decepções e as amarguras fui armazenando num mundo só meu, não queria e nunca quis que respingasse em quem quer que seja, mas numa estranha ironia, todo o mal recebido parece tomar forma e gritar na minha cara que eu já perdi, que na verdade eu nunca ganhei, só ilusões e estas sempre são insinceras...
Hoje friamente percebi que sempre estive no lugar errado e nunca tive forças para sair... Acomodei-me no que me chegou, sem saber que na realidade nada era de meu.
Mas já há muito que venho percebendo que eu nunca vivi, não de fato. Pena que o tempo passou e com ele a minha chance de viver realmente.
Nunca encontrarei um culpado que não seja eu mesma, pois quando eu devia ter falado, calei e depois os gritos se fizeram silenciosos e mais nada me restou, muitas vezes catei os cacos da minha dignidade numa louca tentativa de dar o meu grito de liberdade, mas este apenas ecoou e até hoje ecoa como um soluçar de dor... Um brado de revolta.
A máscara do meu fingimento impregnou todo meu ser, já não faz sentido pensar, querer ou falar, tudo se perdeu nas asas cruéis do tudo que deixou de ser... Restando apenas as mãos imaginárias que aprisionaram meu grito...
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