domingo, 31 de janeiro de 2010

Em Segredo


O que será que pensas quando lês
Os versos que para ti escrevo
Será que nas entrelinhas tu vês
O que tão bem guardo em segredo?

São sentimentos tão bem guardados
Que o tempo em vão tentou destruir
E para o mundo nunca os tive revelados
Pois compreendê-los ninguém ia conseguir

Será que ainda guardas em teu coração
Resquícios do que um dia vivemos?
Será que ainda te domina a emoção
Ao lembrar tudo que juntos fizemos?

Será que ao tocar em tudo que escrevo
Sentes que em cada linha deixo transbordar
As maiores emoções e os mais fortes desejos
Que a minha alma em vão sempre tenta libertar

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pequena Semente


Ouço meu pensamento num sussurro
As lembranças sem pressa me chegam
E o meu coração como num casulo
Se libertam e meus sonhos vicejam

E como um cumplice em louco desatino
Meus pensamentos despertam algo mais
E sinto como foi cruel o meu destino
Pois só fazer-me infeliz ele foi capaz

E percebo que a maior das minhas dores
Foi não ter tido um verdadeiro amor
Este,que não me faria desejar outros amores
Nem me faria sucumbir em meio a tanta dor

E este amor que me chegou, assim, de repente
E bem mais de repente tristemente também se foi
Se foi... Mas deixou-me uma pequena semente
Que num belo fruto veio a se transformar depois

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cada Um De Nós


Eu penso que se ainda hoje o destino
Resolvesse frente à frente nos colocar
Ninguém perceberia, juro não minto
O que transmitiria o meu triste olhar

E antes do surgir de qualquer sentimento
Com certeza a vida sutilmente me traria
Todos os grandes e infindos sofrimentos
Que por ti ao longo da vida eu ganharia

E bastaria para isso pouquíssimos momentos
Para uma vida toda a minha frente desfilar
E não haveria de mim sequer um só pensamento
Que não fosse outra vez a tudo mesmo sufocar

E como se faria pequeno o mundo nessa hora
Diante da grandeza que em mim se oculta
Não importando se no antes ou mesmo no agora
Trava-se com a mesma intensidade essa luta

E seria em segundos que nós dois
Relembraria essa história que passou
Pois o que foi antes dorme no depois
Mas nunca morre para quem um dia amou

Indiferentes continuaríamos nossa caminhada
E ninguém saberia o que entre nós aconteceu
Talvez eu ainda tivesse minha alma enlevada
E aí descobririas que muito pouco em ti morreu

A juventude, os anos foi aos poucos destruindo
Mas a alma permaneceu jovem e como tal ainda está
Mas de dor em dor ainda prosseguimos sorrindo
É que um dia soubemos o que era de fato amar

E a alma que consegue guardar com carinho
Toda emoção de uma vida que no tempo se perdeu
Que foi perdida nas curvas dos caminhos
Mas antes de se perder, cada um de nós viveu

Inconstâncias


A dor se petrificou na minha face
Sem condições nenhuma de poder fugir
E mesmo que a tudo eu sepultasse
Meu sofrimento sempre iria existir

E ano após ano,vi não haver outro jeito
Que não fosse essa dor do mundo ocultar
Mesmo sabendo que o que eu trazia no peito
Era grande demais para conseguir explicar

E se tive o gelo estampado em meu rosto
Mais frio ainda se fazia o meu olhar
Mas um dia contra o meu próprio gosto
Vi o iceberg da minha alma descongelar

E na imperfeição do perfeito sentimento
Meu coração aos poucos começou a mudar
Mas a angústia ainda foi meu tormento
E senti já não haver forças para lutar

E percebi que a desventura outra vez chegava
Em muitas vezes minha luta também foi em vão
Da vida outra vez me vi enfim desacreditada
Era esse o preço da minha fragilizada ilusão

Mas sabemos que na vida nem tudo é perfeito
Uns nascem para serem felizes,outros ao contrário
E se para mim restaram apenas as mágoas no peito
Pois que seja este então o desfiar do meu rosário

Que importa que eu ainda viva de lembranças
E que seja esta a minha grande e humana razão
De saber que sempre conservei a esperança
De que um dia foi meu realmente, teu coração

E que hoje ao me olhar num espelho
Ainda vejo no recõndito do meu olhar
O que foi da minha vida o grande desvelo
E apesar de tudo ainda me é bom relembrar

E me entristeço é quando ainda percebo
Que não relutei quando a vida por mim passou
Pois se não me deixei ser feliz foi por medo
Medo de quem sofreu por ter acreditado no amor

Mas ainda me restam as lembranças e as saudades
De tudo quanto vivi e também deixei de viver
Bem sei que foi pelas incosntâncias da mocidade
Que muito do que eu desejei,vi no tempo se perder

Mas Hoje...


Olhando triste pela vidraça do tempo
Descubro que o que julguei morto
Apenas foi esquecido nos momentos
Que escondi em cada ruga do meu rosto

E se ontem eu nunca pude imaginar
O que o meu hoje ainda me reservaria
Foi também por não perceber que meu pecar
Muitos desgostos na vida ainda me traria

Mas hoje... Ao sentir do ontem uma brisa
Que suavemente me toca e me desperta
Percebo que em muito minha angústia suaviza
E serena sinto meu coração em grande festa

E se olho para trás vislumbro risonha
Que não há mal que dure para sempre
E se tive infinitas horas tristonhas
Foi por esquecer de te tirar da minha mente

Mas confesso um tanto quanto aliviada
Que esqueci. E penso que mesmo sem querer
Toda a vida que sonhei e que me foi negada
Foi porque faltou amor e maturidade em você

Pois eu apenas sempre quis o maior dos bens
Que pode existir no amor de dois seres
Mas se não foi você esse desejado alguém
Foi porque esquecesse do amor e seus prazeres

Mas também o sábio tempo,passa e leva consigo
Cada sonho que você não se permitiu um dia viver
Mas o tesouro maior que ainda conservo comigo
Foi ter vivido uma história de amor com você

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

De Volta À Vida


Categoria: Contos

Numa pequena fazenda, não muito distante da cidade, morava a D. Carlota, e mesmo tendo uma cidade próxima, ela sempre fazia as suas compras na capital. O Seu Justino, homem do campo, muito devotado à família, vivia admirando as suas plantações e também as criações que possuía.
Viviam bem... Tinham quatro filhos, a maioria estudava, e felizes eles levavam uma vida bastante tranquila, sem qualquer tipo de aborrecimento que pudesse abalar a tão bem formada estrutura familiar.
Logo após as festas juninas, a D. Carlota convence o Seu Justino que precisa ir a capital fazer algumas compras. Ele reluta em ceder, pois aqueles dias está bastante chuvoso. Mas tanto ela insiste que ele termina por concordar, e embora curioso por saber o que ela tanto queria comprar, mesmo assim, ele não procurou saber, respeitando um direito que ele achava que ela tinha, longe de saber que a mulher ia comprar uma bomba para irrigação, algo que ele já a algum tempo dizia estar precisando e com certa urgência, mas que por ser homem prevenido, estava aguardando um pouco, com receios de que algum imprevisto surgisse e o pegaria desprevenido. A D. Carlota vira uma propaganda de uma promoção e era justamente a que ele precisava. Ela pegou as suas economias e depois de se despedir do marido partira para a capital, e apenas o seu filho mais velho sabia o que de fato ela fora comprar .
Ao se despedir da esposa, ele sentiu ímpeto de retê-la, mas compreendia a ansiedade dela e a deixa ir, mas sem entender a razão, fica muito preocupado. E nesse dia, ele não deixa os filhos irem ao colégio, e aparentemente sem nenhum motivo, apenas a estranha necessidade de tê-los junto a si. E passa o dia ansioso, aguardando o regresso da esposa.
Apesar de ter sido um dia bastante chuvoso, a D. Carlota está feliz... Comprara finalmente o que o marido tanto queria, ela sabe que ele ficará muito feliz com a surpresa. Ansiosa olha para a frente, a pouca distância vê a lona ponte que irão atravessar e logo em seguida avistará o carro do marido, pois ele sempre a ia buscar quando ela fazia essas viagens. E nunca houve um dia sequer que ela ao chegar não o encontrara em pé ao lado do carro aguardando no acostamento...Efêmera divagação, pois logo ela se vê arrancada bruscamente de seus devaneios, pois assim que o ônibus começou a transpor a ponte, sem que ninguém pudesse perceber, esta cai levando o veículo e seus passageiros. Devido as últimas chuvas que haviam sido abundantes para a época, o rio estava muito cheio e com fortes correntezas, e foi justamente isso o que dificultara o salvamento dos passageiros. O socorro foi rápido, pois havia algumas casas naquela região e por ter uma pequena cidade próxima, logo chegou os bombeiros e também uma boa ajuda de voluntários... e do outro lado da ponte, o Seu Justino grita desesperado, pois ao longe ele pôde presenciar o trágico acidente. E ali ele passa as horas mais terríveis da sua vida... Muitos foram os que conseguiram sobreviver, e outros mais infelizes tiveram seus corpos resgatados, mas não fora encontrado o corpo da sua adorada esposa, e segundo os bombeiros, ela provavelmente havia sido levada pela correnteza, já que outros corpos haviam sido encontrados, horas depois bem distante do local do acidente.
Dias depois, sem ter sido encontrada , a polícia dá o caso por encerrado e ela como morta. Inconformado, o seu Justino passa dias e dias no mais profundo langor, até que finalmente percebe estar sendo egoísta, pois os filhos estão sofrendo tanto quanto ele, ou talvez até mais. Porém o desgosto maior do seu Justino, foi por saber que ela havia viajado para comprar a bomba que ele tanto falara e que se não fosse por isso a sua Carlota ainda estaria viva. O restante do ano transcorre sem muitas alegrias para ele e os filhos, e era graças aos filhos que ele ainda conseguia sair daquela apatia.
Quando o ano novo se inicia, seu Justino toma uma decisão. Chama os filhos e comunica que decidiu vender a fazenda e viver bem longe dali. Os filhos concordam pois compreendem a dor do pai, é necessário ele ir para longe dali daquele lugar que tanta felicidade lhe dera, mas que hoje, as muitas lembranças só lhe trazia dor e desespero.
Dez anos já se passaram desde que saíram da fazenda. D. Carlota é apenas uma lembrança saudosa. Saudosa mas não desesperadora como fora durante tantos anos. seu Justino aprendeu a conviver com as boas e inesquecíveis lembranças que a mulher lhe deixara. Os filhos de certa forma ainda ocupavam quase todo o seu tempo, porém à noite, no silêncio da sua saudade perdurável, ele sofria calado a falta da mulher amada.
Mais cinco anos que se passam. Os filhos do Seu Justino já estão quase todos formados,falta apenas a sua caçula que tinha apenas cinco anos quando a mãe morreu,mas ela fará mais alguns anos de faculdade e terá também um diploma,o seu sonho é ser pediatra e falta algum tempo para isso. Numa colorida tarde de primavera, estava seu Justino com a filha caçula, fazia pouco tempo que ela havia chegado da faculdade e ao encontrar o pai sozinho e pensativo, resolvera lhe fazer um pouco de companhia e era sempre ela a sua companhia, já que os dois mais velhos estavam casados,e o outro trabalhava e quando chegava em casa, ou estava muito cansado,ou então era muito tarde pois ele dava plantão no hospital. E apenas no final de semana era que  seu Justino podia desfrutar da presença e do carinho de todos ,inclusive das noras também.
Enquanto conversavam, a pequena Justine, (era como o Seu Justino a tratava), pois para ele, todos, especialmente ela, não passavam de crianças grandes.
- Daqui a algum tempo estarei completamente só, pois breve todos estarão casados, até mesmo você minha filha, e aí é que eu sentirei mais ainda o peso da ausência da minha saudosa Carlota. Sonhei muitas vezes em construir tudo isso para desfrutarmos quando já estivéssemos velhinhos, mas Deus não quis assim.
- Não fale assim papai, eu jamais o abandonarei, tenha  certeza disso.
Nesse momento batem no portão, a filha se levanta e vai atender, enquanto o pai fica olhando em volta, contemplando os anos de esforço e dedicação, para transformar aquele imenso quintal num lindo pomar.
Nesse momento a filha volta sorrindo e o traz de volta a realidade.
- Quem era Justine?
- Uma senhora pedindo esmolas. Eu tive tanta dó que mandei-a entrar e pedi pra Clara deixá-la tomar um banho... Mandei também que desse um dos vestidos da mamãe e que depois a alimentasse, e disse também para trazê-la para cá, pois eu vou arranjar alguma coisa para ela fazer, ela não me parece ser do tipo que se sente bem mendigando.
- Você fez bem minha filha, só não gostei de saber que andam mexendo nas coisas da sua mãe, eu já as proibi, não faça mais isso filha. Mande a Clara ir até a cidade e comprar o que for necessário para esta senhora, eu com certeza ficarei mais satisfeito. Mas me diga, o que a fez se compadecer tanto dessa mulher? Afinal é apenas uma estranha.
- Eu não sei papai, acho que foi o olhar dela.
- E o que há de tão diferente no olhar dela?
- Eu não sei explicar, mas ele me conquistou, realmente não sei definir que senti.
Continuam conversando, até que o Seu Justino se levanta do banco onde estava sentado, e pálido olha para além da filha, esta preocupada pergunta-lhe o que está acontecendo.
- Papai, o que é que você tem? O que está acontecendo?
Ele a olha com os olhos cheios de lágrimas e antes de cair desmaiado, balbucia: - Carlota...
A filha desesperada se abaixa para ajuda-lo, enquanto grita por auxílio. Então ela percebe a proximidade da Clara acompanhada da mendiga e pede ajuda, e a pobre mulher ao tentar faze-lo, mal tendo forças para suportar o próprio peso, perde o equilíbrio e cai, e quando isto acontece, ela bate com a cabeça e fica desacordada. Nesse instante seu Justino recobra a consciência e depara com o corpo da mulher no chão. Ele se levanta olha para a filha e tomando aquela mulher nos braços, fala comovido:
- Esta mulher é a sua mãe, a minha Carlota que por algum milagre está de volta à vida. E mal ele fala, a mulher abre os olhos e ao fazê-lo reconhece o esposo. E entre lágrimas e beijos ela conta que havia perdido a memória, lembra-se do acidente sem se dar conta dos muitos anos que já se haviam passado. Enquanto o seu Justino tenta esclarecer a situação para a mulher, manda Clara telefonar para um dos seus filhos que é médico, mas logo sorri e diz que chame os filhos, pois todos eles são médicos, e o mesmo precisa de todos em especialidades diferentes, e é muito justo que venham todos cuidar da mãe deles, e sabe que ao chegarem ficarão surpresos e felizes por poderem compartilhar conosco desse milagre de ressurreição. E vamos logo, pois eu quero ouvir tudo o que a Carlota puder nos contar e quero recompensa-la por todos esses anos de sofrimento e solidão. E sorrindo feliz abraça aquele tesouro que lhe é o mais caro, o mais precioso e que ele julgava ter perdido.

Tardio Arrependimento


Categoria: Contos

Durante anos Nice viveu na mais perfeita harmonia com seu esposo o Enéas.Desse casamento tiveram cinco filhos, todos saudáveis e inteligentes, o que contribuía muito para a felicidade daquela família.
Nete, era a filha mais velha, adorava os pais ,principalmente ele, pois o mesmo costumava brincar com os filhos, fosse de bola, de pular corda,qualquer brincadeira era perfeita, visto que ele se tornava criança ao lado dos filhos .Menino, eles só tinham um, o Nick, este estava sempre ao lado do pai quando saía. As outras três filhas eram um pouco menores, mas todos sabiam respeitar uns aos outros ,independendo da idade. Com essa harmoniosa família, ainda vivia entre eles uma irmã da Nice, era Lita, que a todos queria bem e por todos era querida. A Nice sempre contava com os conselhos da irmã, que embora mais jovem era sensata o bastante para contribuir para que não houvesse desavença entre eles.
Mas como todo paraíso tem sua serpente, no mundo deles também não foi diferente. Esta serpente tinha forma de ser humano, corpo de mulher e alma de demônio. E ela apareceu e conseguiu abalar a estrutura de um lar e deixar a sombra da desconfiança sobre aquela união ate então perfeita e feliz. E durante um bom tempo o Enéas se transformou em outro homem.A Nice sofria calada para não dar desgostos aos filhos, mas ela tornou-se uma pessoa frágil ,desconfiada e revoltada. Tudo fizera para viverem em harmonia ,mas o Enéas havia sido ofuscado por outros brilhos,e à Nice restara um coração sangrando pela dor e sofria mais ainda por não querer demonstrar aos outros o que se passava de fato .porém a Lita foi pouco a pouco desconfiando e sempre procurava dar forças a irmã para suportar o triste fado imposto. E sempre conversavam sobre o assunto longe das crianças para que estas não tomassem conhecimento do que passava ,mas com o tempo ,foi inevitável,a Nete e o Nick descobriram tudo e se revoltaram contra o pai. A Nice pensou ainda em mandar chamar a moça e conversar com ela, mas Lita a fez desistir da ideia, tão grande era o desespero da Nice,que não se a apercebia do que lhe ia na mente,ela sentia apenas o que lhe queimava a alma.
Resignada a Nice resolve dar tempo ao tempo, até que um dia ela tem uma desagradável surpresa...
-Bom dia! o Enéas está?
A Nice fica olhando para a moça que ainda tem a fisionomia de criança, e logo percebe estar diante daquela que está destruindo o seu casamento.
-Bom dia!- reponde a Nice,e continua: -Por acaso é você a moça que esta saindo com meu marido?
Pega de surpresa ,a garota fica sem ação e Nice logo ataca-a com palavras duras e cruéis.
-Você sabia que nestes doze anos de casamento nunca tivemos desavenças,a não ser pequenas bobagens como todo casal costuma ter? e agora que já estamos com uma filha quase mocinha e um garoto que muito em breve será um belo rapaz e que ambos por já estarem mais crescidos,só olham o pai com olhares acusadores? E eu que só consigo olhá-lo com desprezo e revolta! Mais para você tudo isso é indiferente, já que nada você tem a perder, pois se tivesse, com certeza não se envolveria com um homem casado. E para ser sincera,ao olhar para você,só consigo sentir piedade,pois você tem tudo para ser uma mulher respeitada,mas preferiu ser a outra,se cobrindo de desonra e tendo para o futuro,provavelmente a prostituição,pois acredite minha filha,ele jamais ira assumi-la. Calada a moça baixa a cabeça e se retira.

Durante o almoço, o Enéas fala que precisa ir ate a cidade vizinha, mas que voltará logo. A Nice sabe que ele irá a procura da moça, mas nada comenta, ela saberá esperar, pois tem certeza que sairá vencedora.
Os dias que se seguem,traz de volta o antigo Enéas, ele volta abrindo o coração, mas encontra o da Nice cerrado, fechado em sua dor e revolta.Ele volta a brincar com os filhos e já não sai mais só, porém com o passar dos meses a Nice começa a tratar o marido quase como antes de tudo ter acontecido,mas ela sabe que jamais conseguirá ser a mesma.
Os anos vão se passando... A felicidade volta a reinar naquela casa, muito embora a sombra da desconfiança paire sobre a Nice... certa vez a Lita conversando com a irmã, pediu-lhe que tivesse um pouco de confiança no Enéas, pois ele sofrera muito com a situação e provavelmente jamais iria repetir o erro.
A Nete já está noiva, o Nick namorando seriamente uma boa moça, daqui a mais algum tempo também estarei casada minha irmã e só restará vocês e as meninas mais novas que também não demorarão a ter seus compromissos, pois já estão umas lindas mocinhas... A Nice sorri pensativa.
Os dias transcorriam na maior calma, até que um dia acontece uma desgraça...O Enéas foge com a namorada do filho. Revolta, desprezo e ódio toma conta daquela família. Desta vez o Enéas fora longe demais, canalha demais. A Lita que já estava casada vai à casa da irmã e tenta consolá-la, mas se entristece ao descobrir que a irmã uma pedra no lugar do coração. O Nick, envergonhado vai embora morar com os avós na cidade vizinha, a Nete que também já estava casada recusa-se a ver o pai, enojada com a atitude vil que este tivera, e logo o Enéas descobre estar só, sem família e sem amigos, todos o abandonaram, todos se revoltaram com aquela atitude torpe.
Passados os primeiros dias de amargura e decepção, levada por amigos, a tomar uma atitude, a Nice entra na justiça e apoiada pelo patrão e membros da igreja a qual pertenciam, ela entra na justiça e sem que muitos entendessem, consegue tirar tudo o que o Enéas possuía, porém alguns meses depois, ele volta a procurar a Nice, jurando arrependimento, pedindo-lhe que o aceite de volta, prometendo que jamais fará outra canalhice, que ele queria voltar a viver como antigamente, como antes dele ter cometido os erros que cometera.. E chorando suplica-lhe uma nova chance.
Com muita calma e frieza a Nice pergunta-lhe: - Enéas, se você quebrar um espelho e conseguir unir os cacos, e colando-os com cuidado, irá ter uma visão perfeita ao ter ao ter a sua imagem refletida?
- Não Nice, claro que não, o que terei diante de mim será pedaços de uma imagem totalmente disforme.
- Mesmo assim será você Enéas... Jamais poderei olhar para você como você está me pedindo... Perdoá-lo, talvez eu até consiga com o passar do tempo, mas esquecer, isto nunca!... Mas se quiser voltar a morar nesta casa, nada farei para impedi-lo se esta for uma vontade das crianças, mas nada mais além disso, pois para mim você não passará de um estranho.
- Aceito a sua oferta Nice, e tudo farei para provar-lhe que mudei e que motivos jamais darei para aborrecê-la, nunca mais lhe darei nenhum tipo de desgosto.
- Não se iluda Enéas, você jogou fora dezenove anos de vida em comum e tenha a certeza que não irá conseguir recuperá-los como tanto desejas, e eu nunca mais serei nada para você além de mãe dos seus filhos.
Enéas sente o peso do mundo sobre os ombros, de cabeça baixa, deixa as lágrimas rolarem livremente, pois só agora se dá conta do que realmente perdera.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desafio


Categoria: Contos

Uma mulher, já tendo sofrido tudo o que julgava suportar, vê-se de repente prostrada ao chão e entre soluços implora a Deus uma ajuda.
Talvez por inexperiência, egoísmo ou mesmo ignorância pede ajuda com altivez ao invés de pedir com humildade. Estando em situação difícil,achou ela que Deus tinha a obrigação de ajuda-la, e diz-lhe em desespero que Ele precisa ouvi-la,pois a mesma se encontra só, com muitos filhos pequenos para criar e não quer separa-los,como não acha justo que Deus os venha separar clama a Ele que os conserve unidos.
Dias depois aquela mulher entra no quarto dos filhos. O dia está muito bonito, ela vai desperta-los, para que comecem a batalha logo cedo, para ajudar no próprio sustento. Ao olhar para as crianças, elas as compara com a radiosa e colorida aurora que tanto contrasta com a palidez de seus magérrimos filhos.
Mesmo com a revolta dentro de si, ela se aproxima do leito onde estão os dois primeiros filhos e sem acreditar no que acaba de descobrir,corre a olhar os outros filhos e estarrecida constata que todos estão mortos.Ao se dar conta da cruel tragédia que acaba de desabar sobre ela, sente-se traída e com ódio dirigi-se a Deus, põe-se a esbravejar e blasfemando contra Ele,por achar que Deus lhe havia feito uma maldade,ao invés de atender as suas preces. E no auge de sua aflição,não percebe que Deus havia atendido ao seu apelo.Não da forma que ela desejava,mas sim do jeito que ela havia pedido .Inconformada a mulher se agarra aos corpos inertes dos filhos e jura perante eles vingança.
Eu os amava meus filhos, eu só não queria separa-los.E continua, sem se dar conta de que Deus os havia unido de forma que jamais se separariam.
Meses depois, daquela mulher restava apenas o espectro. Sentimentos ela já não os tinha... Apenas ódio habitava seu coração. Desprezava tudo o que havia na natureza,se rebelava contra todos. Nunca dava uma ajuda, nem tão pouco a aceitava. Vivia como um animal acuado. Tornou-se cruel e amarga e sua revolta maior era que precisava continuar sobrevivendo pra ter um dia direito a sua vingança. A maldade tomara conta daquilo que antes fora um coração. Sua mente já não raciocinava.
Um dia, quando não mais havia vestígios do que fora um dia no passado e guiada tão somente pelo ódio e pelo desejo de destruição, ela se põe em pé e hipocritamente em seu falso e ignominioso respeito dirige-se a Deus em altos brados.
-Deus! Tu que tens tanto poder, que mandas e desmandas,que maravilhas constróis e se acha no direito de destruí-las,vou nesse momento lançar-te um desafio...Já fui um dia, uma mulher cheia de amor,de fé e esperanças, e na minha infinita ignorância acreditei que eras capaz de me ajudar. Eu sempre me guiei pelas Tuas leis e as respeitei, e em troca me atiraste a infelicidade, destruindo o ser que havia em mim, me transformando no oprobrioso monstro que hoje sou. Meses já se passaram desde aquele maldito dia em que tive a idéia de Te implorar ajuda,e tudo o que conseguiste foi me transformar no mais ínfimo dos seres. Mas hoje, levanto-me da lama em que por Tua causa me afundei e com toda a superioridade que consegui juntar das sobras do farrapo em que me transformei, lanço-Te um desafio... Pois se me transformei no que hoje sou, foi porque assim me impelistes a essa transformação, mas a partir desse momento vou mostrar-lhe que eu também tenho poder, embora o tenha adquirido do pior dos sentimentos. Dure anos essa luta, mas dela eu sairei vitoriosa, e Te mostrarei que ressurgindo do nada, vou lutar e haverei de vence-Lo.
Anos se passaram e essa mulher sempre lembrava do desafio que um dia ousara fazer a Deus. Ela se atrevera a enfrentar a força maior do infinito,mas não se arrependia.
- Um dia haverei de reencontrar o amor, dele poderei provar a Deus que apesar de todo mal que Ele me fez, eu ainda conseguirei vencer.
Não se passa muito tempo esta mulher encontra uma criança abandonada. Algo desperta em seu coração.Ela toma a criança nos braços e misteriosamente sente uma grande paz, uma imensa onda de amor envolve-a e ela se sente feliz como há anos não acontecia. Pela primeira vez, após muito tempo sente que consegui sorrir com a alma e não apenas com os lábios. Sente um calor gostoso lhe invadindo o corpo e percebe emanar daquele pequeno ser, e abraça-o, não apenas com os braços, mas também com o coração.
E do dia pra noite, ela se vê transformada em outra mulher. Torna-se dócil, gentil e carinhosa, e os meses que se seguem encontra um nova mulher. Batalhadora, lutando incansavelmente para dar conforto aquela criança que se tornara motivo maior de sua atual existência. Após alguns anos nessa nova vida, ela relembra o desafio que fizera a Deus. E achando que havia chegado o momento da cobrança, ela ergue os olhos para o céu e diz:
-Quem hoje te fala oh! Deus, não é a mulher em que me transformei, quem se dirige a Vós nesse momento é aquela que um dia Te desafiou. Eu jurei que iria mudar e Tu não conseguirias me impedir.Eu Te venci Deus, eu Te venci.
À noite, já tendo esquecido o seu desabafo,ele olha para aquela pequena criança que um dia encontrara e que mudara completamente a sua vida, fita-a adormecida e murmura:
- Perdoa-me meu filho se você tornou-se meu instrumento de vitória sobre o Senhor. Ao lhe encontrar eu não havia pensado nisso.Com o passar dos anos foi que me lembrei do desafio feito a Deus. Hoje sinto-me feliz, você foi realmente a minha vitória sobre Deus. Naquela noite ela dorme tranqüila. Ao amanhecer ela se dirige ao leito do filho que havia se tornado a razão da sua vida. Ele dorme plácido. Ela abaixa-se e o beija na testa, e seu gesto é retribuído com a frieza da morte. Então ela compreende o fatal golpe que o destino mais uma vez está a lhe impingir. Aquele que se tornara o seu tudo, está morto, morrera enquanto dormia. Aniquilada ela levanta os olhos para o céu e desabafa:
- Eu devia saber que jamais O venceria, És vingativo e quiseste me mostrar o Teu poder. Quando eu julgava Tê-lo vencido,só estavas me mostrando que maior que Ti só mesmo o teu amor.
Vangloriei-me de uma vitória que na verdade não passava de uma derrota. tive que sofrer muito, mas valeu a pena, pois só assim consegui ver o que querias me mostrar. Perdão Senhor! Perdão pela minha prepotência,pela minha ignorância e sobretudo por não conseguir distinguir que em meio a tanto sofrimento,só existia amor da tua parte. Agora eu sei que de ti só temos o que merecemos e que Tu És o sinônimo de amor, compreensão e perdão. E em nome da tua infinita misericórdia me perdoa Senhor, por não ter conseguido ser nada além de uma simples mortal cheia de pecados.

Três vidas E Um Destino


Categoria: Contos

Tentando se manter calmo, o Gustavo dirige apressado em direção ao hospital. Preocupado torna a olhar para o banco traseiro do automóvel. Sobre este, está o Paulinho. A palidez que lhe cobre as faces o deixa assustado. Olha desesperado para Elsa que ao seu lado chora baixinho. Ele volta a prestar atenção a estrada, mas os soluços abafados de Elsa só o faz sofrer mais. Ele sabe por que ela chora tanto. O medo de perder o único filho a deixa angustiada, pois ela pensa que não mais poderá ser mãe. Ela ignora que o Gustavo é que não pode ter filhos, pois o mesmo sempre escondeu esse fato dela, aproveitando que a mesma tivera um problema muito sério no parto. O Paulinho era filho do primeiro marido dela, mas ele havia sido morto há alguns anos atrás. A Elsa ficou com o filhinho recém-nascido, e três anos depois de tanto sofrimento ela conheceu Gustavo, com quem vivia desde então. Ele sendo louco por criança, logo se apegou ao garoto, enquanto a Elsa desesperada procurava ajuda médica para engravidar, realizando assim o maior sonho dele que era ser pai. E este muito egoísta decidiu que era melhor a Elsa ignorar o problema que estava com ele, e assim proibiu ela de apelar para a medicina, pois ele dizia que não queria vê-la nesse sofrimento,pois estava muito satisfeito em ser pai de Paulinho.E ela pensando que ele a estava poupando sentia-se mais culpada ao vê-lo dar tanto amor ao seu filho.
O Gustavo sofre calado com toda aquela situação, mas o medo de ser desprezado por ela, o fez calar-se, ele teme ser abandonado por ela, preferindo ser cruel, ao negar-lhe o direito de saber a verdade. Perdido em seus pensamentos, Gustavo sai da estrada entra na rodovia sem prestar atenção, e tudo acontece tão rápido que ele não consegue evitar o acidente. Com o choque o Paulinho expele a tampa do vidro de remédio que estava presa em sua garganta, e lívido fica olhando Gustavo banhando de sangue. A mãe fora atirada para fora do carro e permanece imóvel sobre o asfalto.O ocupante do outro veículo se arrasta penosamente até onde está a Elsa, e o Paulinho não consegue compreender o grito desesperado daquele desconhecido quando se aproxima da mãe dele.
Muitos anos se passaram desde aquele trágico acidente. Hoje o Paulinho consegue compreender a louca corrida do Gustavo, pois ele contara toda a verdade antes de morrer. Ele havia sofrido muito com a tortura que fizera com a Elsa ao longo dos anos, quando escondera dela o fato de ser ele quem não podia ter filhos. E assim, por insegurança o Gustavo preferia se tornar um verdadeiro monstro. A Elsa sofria por achar que o Gustavo era obrigado a ser pai de uma criança de outro homem, que aos olhos dela o tornara um ser inigualável. Emocionado o Paulinho olha para mãe, que esquecida dos maus momentos, vive feliz ao lado do homem que gritava desesperado por ela no dia do acidente. Pois aquele homem era o primeiro marido da Elsa, que havia sido dado por morto, mas que tudo passara de um terrível engano, este havia sofrido um acidente e em conseqüência disso, havia perdido a memória, como estava sem os documentos na ocasião, ficara durante muitos anos por aí, até recuperar a memória e resolveu voltar. É certo que fazia algum tempo que tudo havia acontecido, mas ele precisava tomar muitas providências para poder finalmente voltar para procurar a esposa e o filhinho, e já fazia meses que ele os procurava, pois eles já não moravam na mesma cidadezinha que ele havia deixado antes daquela viagem onde nunca mais voltara, e quisera a fatalidade uni-los mais uma vez.
Mas agora ficara para traz. A Elsa brinca feliz com a filhinha, o Paulo feliz olha para a mulher acena para o filho que se encontra um pouco distante. O Paulinho apesar de não ter muita idade, já é bastante inteligente para entender tudo que se passa ao seu redor, ele deixa a sua mente a vagar pelo espaço. Ele sabe que o Gustavo jamais será esquecido, pois ele errara por excesso de amor, mas sem dúvida nenhuma, ele soubera ser amado.

Perdidos E Achados


Categoria: Conto

De onde ela viera, ninguém sabia...Nada lhe perguntavam, muito embora todos quisessem saber algo mais sobre aquela bonita e elegante jovem, que em sua simplicidade chamava à atenção sem contudo fazer qualquer esforço para que isso acontecesse.
assim era a Ângela... Despertava a curiosidade, mas estranhamente ninguém ousava fazer-lhe qualquer tipo de pergunta, pois a mesma não encorajava nem mesmo a um simples cumprimento. Havia já dois anos que ela trabalhava naquela fábrica. Todos a chamavam de Ângela, mas ela transparecia tanto mistério que passaram a duvidar ser este o seu verdadeiro nome, pois na verdade o nome que mais combinava com aquela personalidade com certeza seria Aparecida, já que ela simplesmente havia aparecido naquela cidadezinha sem que ninguém soubesse nada a seu respeito. No departamento pessoal com certeza saberiam alguma coisa, mas ninguém falava nada, não se preocupavam na realidade com aquela mulher... a bem da verdade era apenas mais uma funcionária e ótima funcionária, por sinal. Além de tudo qualquer informação jamais seria repassada, visto que qualquer informação sobre um empregado era extremamente confidencial. porém, para os que conviviam no dia a dia, percebia-se a diferença existente entre ela e os demais... Pois esta nunca recebera uma visita, nem sequer um telefonema, e o mais estranho é que ninguém procurava dela se aproximar, havia tanta indiferença em seu olhar e tanto desdém, que ninguém se encorajava a uma aproximação.
Ela conseguia chamar à atenção também por uma estranha mania, e isso se repetia, desde o primeiro dia que ali chegara... Todas as tardes, na hora do lanche, ela corria para o escritório e pegava o jornal, e com avidez lia apenas a parte de perdidos e achados, e nunca deixara de fazer isso um dia sequer.
Quem era aquela moça na realidade, ninguém sabia. Nunca fizera amizades, e apesar de inteligente, tinha um ar muito triste, sempre se esquivando de um maior contato com as pessoas.
a fábrica apita... É hora de largada, e como todo final de expediente, ela vem rápida e só. Atravessa o portão e para diante do mesmo, sempre perscrutando os arredores, como se estivesse em busca de algo ou mesmo de alguém. porém ela pouca atenção dá. Sai em direção a parada de ônibus e toma o primeiro que passa. Nunca repara no destino dos mesmos, e com o olhar de esperanças perdidas, ela vai para só voltar no dia seguinte com a sua grande indiferença por tudo e por todos.
Certa vez tentaram seguir a mesma na esperança de descobrir algo que a tornasse mais acessível, mas foi inútil, pois logo ao descer do ônibus, se pôs a caminhar sem rumo certo, até que exausta, sentou-se à sombra de uma árvore frondosa, aproveitando os últimos raios de sol que se escondia por trás dos montes, e logo estava a chorar, ao ficar admirando aquela paisagem bucólica... E desde então ninguém mais quis invadir a privacidade daquela estranha e enigmática mulher. E o tempo foi passando e ela sempre continuando a ler a sua coluna preferida do jornal: Perdidos e achados.
E um dia acontece... A rotina é quebrada no setor onde a Ângela trabalha. É um momento que ela demonstra estar viva, demonstrando que tem sentimentos, até então encobertos. a emoção toma conta da sua fisionomia, e pode-se observar uma infinidade de sensações a desfilar em seu rosto. É uma mistura de alegria, surpresa e amor. Será que chegara o momento de finalmente se saber realmente quem era aquela estranha figura? Olhando o jornal que ela estivera a ler, havia em letras sublinhadas o seguinte recado:
"Procuro a mulher dos meus sonhos, perdida entre os escombros do meu doentio ciúme".
Imediatamente a Ângela se retira e de permissão para dar um telefonema sai em silêncio. e nesse dia ao largar ela faz algo diferente. Toma um táxi que vai passando e se perde entre as dezenas de veículos que somem apressados rumo ao desconhecido.
No dia seguinte ela retorna t todos notam que há algo diferente em seu modo de olhar e se expressar. Ela está mais linda e muito mais misteriosa. À tarde ela volta a ler os classificados e desta vez as lágrimas lhe toldam a visão ao deparar com o seguinte anúncio:
"Encontrada a mulher dos seus sonhos, brotando da compreensão e do amor sincero".
Logo abaixo vinha o endereço da fábrica e logo adiante o nome que até hoje não compreendi-lhe a razão, nem tão pouco o significado. "Aparecida"
E foi a última vez que a Ângela foi vista.