quinta-feira, 10 de junho de 2010
Embriaguez
Eu bebo todas as minhas amarguras
E sorvo cada uma das minhas emoções
E sufoco quase sempre com brandura
O triste gotejar das minhas ilusões
Aspiro sem muita vontade as lembranças
Que vez por outra insistem em voltar
E se vão para mim quase todas as esperanças
Só restando a eterna ansiedade em meu olhar
E vou tentando perder-me ou achar-me no tempo
Em tudo aquilo que um dia foi bom para mim
Mas eu sinto que para meu grande tormento
Faltou nessa história por um verdadeiro fim
E perspicaz percebo que a própria natureza
Tem se encarregado um pouco de me castigar
Pois ela sabe que em toda sua grande nobreza
Faltou apagar no tempo um verbo chamado amar
E como galhos secos e as vezes retorcidos
Vejo minha própria imagem se desfazendo
E ela é apenas vítima dos anos esquecidos
E dessa história que o tempo foi escrevendo
E nessa embriaguez que me chega com razão
Viver nesse torpor é a única chance que tenho
Pois só assim escondo a tristeza do meu coração
Quando me embriago nesses versos que componho
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