terça-feira, 13 de novembro de 2012

ÚLTIMO ATO


Um olhar vasculha tranquilamente o ambiente, nada alí lhe parece sério ou verdadeiro. Um cheiro forte de flores impregna o local, acomodando um ou outro suspiro que parece destoar daquele lugar, são suspiros de impaciência, como a dizer: já basta! um olhar melancólico percorre com certa nostalgia as lembranças que se embaralham como a pedir desculpas por não ter dado um pouco mais de atenção quando o momento pedia.

Um cheiro ameno de saudades se espalha no ar já um tanto cansado de murmúrios abafados entre os sussurros dos que estão em estado de torpor pela delicada e natural situação. Uma brisa suave toca de leve aquela tez gélida desgastada pelo tempo... Marcada pelas horas de angústia, solidão e saudades que sempre a acompanhou.
As pálpebras cerradas não mais deixa ver o que outrora possa ter sido beleza e em muitas ocasiões, tristeza. Mas era todo o seu bem, todo os eu valor espelhado num olhar, algumas vezes de saudades, outras de alegrias e também dos descasos que a alma gravou. A vida continua... Os acontecimentos se farão maiores ou menores para todo aquele que nesse momento são meros expectadores da vida ou do que julgam ser  vida.

Um silêncio sepulcral embala cada sonho sonhado e não realizado, cada desgosto sofrido e não buscado, cada momento de dor que no tempo não conseguiu se apagado. Alí, bem diante de um olhar aflito (imaginário) se fecham as cortinas que trêmulas parecem fazer uma última saudação. Já não haverá aplausos, o último ato se fez emudecido... Recebendo apenas lágrimas ou resignação dos que se encontram como simples espectadores de uma existência ceifada pelo momento final.

Tudo será suplantado... Sonhos... Alegrias... Desejos... Esperas e dissabores. O silêncio se fará mais forte nas recordações de todo aquele que deixou escapar algo que poderia ser chamado de vida dentro da existência de uma alma inóspita rodeada de agruras.
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O abrir dos meus olhos pôs fim no que poderia ter sido o meu último ato

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