Eu até hoje não consegui entender por que as pessoas sempre acham que estar vivo é ver o alvorecer... É quando se abre os braços para receber cada novo amanhecer. Pra mim, viver é bem mais que isto, é poder olhar para dentro d mim e descobrir que vale a pena o surgir de cada novo dia, é o não se conformar em apenas ver a vida passando. É poder aceitar as pequeninas coisas que te dão alegria sem culpas. É poder respirar o ar sem o temor de se sufocar. É conseguir encarar as tantas violências e maldades sem ser tomado pelo ódio. é poder agradecer a Deus por cada minuto de vivência e não apenas de existência.
É poder compartilhar as alegrias que nos chegam sem receios ou preconceitos... É poder enxergar o tudo mesmo observando o nada, é se contentar com o que não veio e continuar na esperança do que ficou.
Então, viver pra mim é mais que apenas existir... é sorrir sem medo de chorar, é o existir na certeza do estar vivendo. É aceitar e ser aceito, é respeitar e ser respeitado, é amar e ser amado. É sentir-se livre para aprender com os próprios erros, tropeçar sem medo de cair, é cair e ter forças para levantar, é sentir-se sem grilhões de qualquer espécie e acima de tudo, nunca deixar de sonhar. Pra mim, viver é tudo isso e um pouco mais...
Fingir cansa e eu quero e preciso descansar... De que adianta sorrir apenas com os lábios quando temos a alma em constante angústia? consolo? alegrias puras, genuínas? já as esqueci, nem sei se ainda existem. O melhor de mim a vida levou, o que restou? nem eu mesma sei... E como dizem que a vida é como uma vela acesa que tremula constantemente e que pode apagar a um vento mais forte, eu penso: já passei tantos vendavais, tantos ventos contrários, mas até hoje a vela da minha vida permanece acesa mesmo que bruxuleante e isto é algo que nunca consegui entender.
Então se viver é realmente tudo isso, então eu não vivo, apenas existo e isso está me cansando... eu quero e preciso descansar e quem sabe eu possa dizer, eu vivo... mesmo que dentro de um resumido espaço, talvez sem brilho nem cor, mas silencioso o bastante para entender o que me vai na alma.