quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 DEIXA EU GOSTAR DE VOCÊ...

  Conto:



Geny se tornou uma mulher decidida....Talvez devido as circunstâncias  que a vida lhe impingia, mas fossem quais fossem  as necessidades, ela aprendera de modo abrupto, mas aprendera a ser mais prática
em suas decisões, pelo menos assim ela esperava...
Apesar de sua atitude enérgica havia algo que não mudara muito, seu estado de espírito, ela sempre estava com a tristeza em em seu íntimo. Mas de repente algo tocou em sua alma, um despertar de vivas emoções
forçou-a a lembrar que apesar de tudo ainda estava viva... E tudo começou assim...
Uma mensagem educada lhe chega sem intenções, uma após outra se sucedem, são mensagens de paz, de ânimo de alento. Geny vibra com o carinho que aos poucos consegue despertar a mulher. Mas para ela nada devia fazer sentido, nada poderia justificar aquela sensação que como um choque invadira seu íntimo. 
algo parece despertar, algo insiste em querer lhe dizer que estava viva, que precisava viver.
Até que numa madrugada onde as lembranças fustigam sem dó o seu coração endurecido pelas pedradas da vida ela sonha acordada... Sonha que não é mais aquela menina que se perdeu entre as maldades humanas, nem é mais aquela mulher sedutora e voluptuosa que nasceu e habitou seu corpo e sua mente durante alguns anos de sua vida.
Não, ela agora era uma outra mulher, calma, tranquila e com algo que lhe era oferecido pelo destino... Será que pelo destino mesmo ou pela necessidade de sentir-se  mulher? Sentir-se desejada e quem sabe realizada. Algo que julgava morto mostrava a ela que sempre estivera ali, apenas adormecido.
Porém, o medo de tudo a faz aconchegar-se nas lembranças de uma menina feliz, feliz e que desconhecia as maldades e os prazeres da vida...
"Deixa eu gostar de você..." Essa frase parecia martelar o seu cérebro... O cantar dos pássaros a lembra que mais um dia se inicia, mas ela sente que não será como tantos já vividos, nem como os recentes trazidos pela brisa suave de um bem querer.
Há algo apertando seu peito. Olha onde julgara estar alguma mensagem, mas é inútil, ao que parece se enganara mais uma vez. Geny pensou que estava sendo importante para alguém, mas se enganara, quem sabe ela não passava de um brinquedo virtual para quem achou ser alguém diferente, alguém de respeito e que parecia gostar dela, mas sente que está enganada. Não, ela não tinha a importância que pensou, ela não era sequer uma amiga especial, pois se assim fosse, uma mensagem de bom dia estaria para responder ao boa noite dela.
-Quem mandou ser boba e acreditar que alguém havia despertado o lado puro e belo por ela.
Que tola havia sido... E após anos sem nenhuma expectativa, sente as lágrimas que caem com naturalidade, é difícil de acreditar que ela tenha se deixado iludir dessa forma. Porém  o que mexeu com ela foi aquela frase: "Deixa eu gostar de você..."Não, ela nunca mais iria se iludir, ela não podia deixar que isso acontecesse, mas ela sentia que não tinha forças para lutar contra aquilo tudo.
Mas por que ele não falara com ela? Teria se arrependido  de tê-la tratado com carinho e respeito? Terá sido isso que o levou ao arrependimento? Ela fica triste daquele inicio de manhã tão cheio de expectativas e esperanças  que agora se desfazia no ar, como os sonhos dela, todos os seus sonhos evaporavam no ar ou se tornavam em pesadelos... Melhor esquecer mais essa etapa da sua vida, nada havia de fato que pudesse dar a ela a certeza de que tudo era real, de que tudo seria apenas flor e não mais dor, mas a esperança se esvai de mansinho deixando-a na incerteza de um novo porvir... Era tão simples se deixar gostar, afinal ele apenas pedira, "Deixa eu gostar de você..."
A madrugada já vai longe e Geny ainda não conseguira dormir, esses dias isso já está se tornando rotina, a insônia a tem perseguido desde que começou essa pandemia, mas hoje ela está mais forte. Seu pensamento empurra uma brisa suave que lhe chega cálida, acrescentando mais fogo a sua imaginação.
Levanta e sai do quarto em direção ao alpendre e a sensação de volúpia lhe fere a pele de mansinho. Deita na rede, fecha os olhos e parece sentir uma mão a lhe afagar... De início um gesto de ternura, um gesto de aconchego que ela tanto busca. De repente sente uns lábios a roçar a sua boca com suavidade, mas logo em seguida com sofreguidão, ao mesmo tempo sente mãos ousadas perscrutando sua intimidade. Um fogo louco e abrasador toma conta do seu corpo, já não há nada a pensar , entrega-se aquele momento percebendo um prazer louco e obsceno se apoderar dela. Sente algo rígido lhe lhe invadindo e... desperta. Mais uma vez estivera a sonhar acordada.
Levanta, toma um banho demorado e volta pra cama... Mais um capítulo dessa vida solitária que tanto a tem perseguido se encerra.




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